domingo, abril 30, 2006
sexta-feira, abril 28, 2006
quinta-feira, abril 27, 2006
Fala-se de Abril em Aveiro?
«Conversas à Solta» sobre Abril
O Bloco Cultural do sector de Acção Social da Associação Académica da UA regressa com as suas actividades culturais esta quinta-feira, 27 de Abril.
O espaço desta semana é dedicado ao 25 de Abril.
«Conversas à Solta» sobre Abril, com a Professora Maria Luís Rocha Pinto e Francisco Madeira Luís, à qual se seguirá uma Declamação de poemas do 25 de Abril, por Sónia Sequeira.
Já sabe: às 21h00, no Bar das Residências.
A iniciativa conta com o apoio da Livraria O Navio de Espelhos.
Mais informações: João Rosa ou Negesse Pina, Sector Acção Social da AAUAv,
Tel.: 234 372 370, E-mail:accaosocial@aauav.pt
terça-feira, abril 25, 2006
domingo, abril 23, 2006
domingo, abril 16, 2006
Qual é a mais bela palavra e porquê?
"Desde onde vos escrevo avista-se o mar. E o mar pode ser, por exemplo, feito das palavras que em lugar de se lerem se escutam. Falo-vos da crónica diária do jornalista Fernando Alves na Tsf. É acertar o despertador para os minutos que rodeiam as nove horas da manhã, sintonizar e a partir daí: a porta que abre outra porta que abre outra porta que abre outra porta.
É da palavra despertador que falamos. Algo que nos desperta, que nos acorda, mesmo que pensássemos já estar acordados há muito. Hoje de manhã as palavras do Poeta da amada rádio trouxeram-me outra porta que eu abri. Falava de um lugar, um sítio na rede onde algumas pessoas decidiram colocar à votação qual a palavra mais bela do castelhano.
O sítio www.escueladeescritores.com pergunta aos cibernautas qual é para cada um a palavra mais bela no seu idioma.
É bela a ideia. A ideia de Palavra. A Ideia com palavras.
Fazem-no com o pretexto de celebrar o Dia do Livro,que aparece este mês no calendário (dia 23). A propósito do livro celebra-se a Palavra.Passeei por esse lugar virtual e li sobre a escolha do poeta Luis GarcíaMontero : despertador “Que tem que ver com dia que virá por diante, mas que é menos perigosa que amanhecer, que é desse tipo de palavras que se te apanha num descuido pode eventualmente transformar-se num hino; Despertar é avisar. Despertador é o que avisa.”
Senti-me avisada e apeteceu-me fazer o mesmo aqui no burgo e aceitar o repto do Poeta da amada rádio que do alto da sua frequência incitava à pergunta:
e no nosso idioma qual é a palavra mais bela?
Escolho a palavra Escolha, porque me parece a arma menos utilizada do nosso idioma e porque gostava de a ver a nu. Escolho a palavra escolha e adivinho na poesia outras escolhas: por exemplo, e se Al Berto escolhesse a palavra Laranja aLaranja existiria sem a palavra Laranja?
E que palavra escolheria Álvaro Magalhães, esse que limpa-palavras, escolheria palavras que criariam uma ordem ou um caos? Qual a palavra mais bela do nosso idioma? Porque quero saber, acabei de inventar um lugar onde isso se pode dizer.
Daqui mesmo, de onde vos escrevo:
http://davidasecretadaspalavras.blogspot.com"
Sónia Sequeira
Jornal O Aveiro 06/04/06
É da palavra despertador que falamos. Algo que nos desperta, que nos acorda, mesmo que pensássemos já estar acordados há muito. Hoje de manhã as palavras do Poeta da amada rádio trouxeram-me outra porta que eu abri. Falava de um lugar, um sítio na rede onde algumas pessoas decidiram colocar à votação qual a palavra mais bela do castelhano.
O sítio www.escueladeescritores.com pergunta aos cibernautas qual é para cada um a palavra mais bela no seu idioma.
É bela a ideia. A ideia de Palavra. A Ideia com palavras.
Fazem-no com o pretexto de celebrar o Dia do Livro,que aparece este mês no calendário (dia 23). A propósito do livro celebra-se a Palavra.Passeei por esse lugar virtual e li sobre a escolha do poeta Luis GarcíaMontero : despertador “Que tem que ver com dia que virá por diante, mas que é menos perigosa que amanhecer, que é desse tipo de palavras que se te apanha num descuido pode eventualmente transformar-se num hino; Despertar é avisar. Despertador é o que avisa.”
Senti-me avisada e apeteceu-me fazer o mesmo aqui no burgo e aceitar o repto do Poeta da amada rádio que do alto da sua frequência incitava à pergunta:
e no nosso idioma qual é a palavra mais bela?
Escolho a palavra Escolha, porque me parece a arma menos utilizada do nosso idioma e porque gostava de a ver a nu. Escolho a palavra escolha e adivinho na poesia outras escolhas: por exemplo, e se Al Berto escolhesse a palavra Laranja aLaranja existiria sem a palavra Laranja?
E que palavra escolheria Álvaro Magalhães, esse que limpa-palavras, escolheria palavras que criariam uma ordem ou um caos? Qual a palavra mais bela do nosso idioma? Porque quero saber, acabei de inventar um lugar onde isso se pode dizer.
Daqui mesmo, de onde vos escrevo:
http://davidasecretadaspalavras.blogspot.com"
Sónia Sequeira
Jornal O Aveiro 06/04/06
Xabier do Campo, mais do que complexos vitaminicos ou comprimidos de proteínas
CANDO O AUTOR FALA DE SI
EU TEÑO MEDO...
Cando petan na porta pola noite.
A estar só cando non quero estar só.
A estar no medio de moita xente
A quedar só no mundo
A non morrer nunca
A morrer pronto
A morrer estupidamente nunha estrada
A quedar inútil
A tolear
A que lles pase algo aos meus
A que os que quero non me queiran
A perder o gusto polas cousas que me gustan
A ter que vivir sempre nunha cidade
A que non haxa flores
A que non haxa animais en liberdade
A non poder mirar as estrelas pola noite
A non poder mirar a paisaxe no outono
Ao mar (desde o mar)
A mirar un día para o ceo e non ver un paxaro
A que non haxa troitas nos ríos
A ter que ir á guerra
Á guerra, aínda que non teña que ir
Ás almas miserables
Aos que sempre din a verdade
Aos que menten sempre
A pasar fame
Aos contos de medo
Ás películas de medo
A ir ao dentista
A montar en avión
A non ter medo a nada
A ter moito medo
Cando pasa moito tempo sen que ninguén pete na miña porta
A...
(Cando petan na porta pola noite.
Col. Merlín, Eds. Xerais. Vigo, 1994)
[em Portugal editado pela Ambar]
sexta-feira, abril 14, 2006
terça-feira, abril 11, 2006
You can never holdback Spring
"Cada pessoa é um abismo, ficamos com tonturas só de olhar lá para dentro"
"O poeta é aquele que tem como ofício a descrição daquilo que faz bater o coração com palavras tão adequadas que quem o escuta fica com o coração a bater"
"Em Babel construiram uma torre que queria chegar ao céu. Nessa torre inventaram-se todas as línguas. Depois de eles conseguirem chegar ao céu nunca mais nos conseguimos entender"
Escolha "a beleza começou quando as pessoas começaram a escolher"
"Para escrever poesia só uma coisa é necessária: TUDO"
"O grande relógio do tempo só tem uma palavra AGORA"
e a música :
You can never holdback Spring
You can never hold back Spring
you can be sure that i will never
stop believing
The blushing rose will climb
Spring ahead or fall behind
Winter dreams the same dream
Every time
you can never hold back springs
even thought you've lost your way
the world keeps dreaming of spring
So close your eyes
Open your heart
To one who's dreaming of you
You can never hold back spring
Baby
Remember everything that spring can bring
You can never hold back spring
Tom Waits
segunda-feira, abril 10, 2006
Poemas al oído

"Soplando poesía Que Les Souffleurs esté desde hoy hasta el jueves susurrando poesía al oído de los pasajeros del Metro de Ciudad de México no es noticia, pues es una actividad que realizan en su Francia natal desde hace cinco años. Lo que es noticia es que estos sopladores se han aprendido poemas de Jaime Sabines, Octavio Paz y Pablo Neruda en español, idioma que ellos no dominan, para que los mexicanos no tengan problema alguno en apreciar la representación.
Poesía es insuflar una parte de ensueño. Pugnamos, obstinadamente, por un encuentro entre lectores y autores, por eso bajamos al Metro, pues equivale a encontrar todo tipo de personas, a contribuir al retorno de la poesía a los espacios públicos y hacer accesible a todos este género literario.
En francés, souffleur denota, igual que en nuestro idioma, a quien sopla aire con su boca, en especial a quien realiza esta acción profesionalmente, como los fabricantes de botellas; pero el término también alude a quien sopla palabras mediante susurros. Así, uniendo ambas acepciones, Les Souffleurs le soplan poesía a la gente no sólo acercándose al oído, como está haciendo la chica de la foto, sino con bastones huecos que pueden apreciarse en esta nota de La Jornada.
Interesantes estas iniciativas mediante las cuales la poesía sale a la calle y se tropieza con los transeúntes. Aquí durante algún tiempo los panas Daniel Pradilla y Enio Escauriza, poetas en tránsito ellos, le estuvieron recitando poesía a la gente en las esquinas y en los autobuses —eso sí, ellos no susurraban— y hasta a la tele fueron a parar. Ahora, parece, quieren volar Caracas."
sábado, abril 08, 2006
Jorge Silva Melo no Mil Folhas e a razão de existir
"Talvez seja verdade
O erro foi meu, entrei numa livraria. Parecia-me ter entrevisto na montra o novo livro de Antonio Tabucchi, entrei. Para chegar ao fundo, ao lugar onde há livros (numa livraria, não devia ser o lugar principal?), atravessei várias bancas de bugigangas, revistas que oferecem chinelos e cafeteiras Bodum, agendas, os omnipresentes Moleskine. E as primeiras bancas eram de "best-sellers" e "novidades" com capas picantes, pernas de mulher por todo o lado, um rabo ou outro, siglas iniciáticas.
Fiquei, parvo, a olhar para aqueles livros todos, quilos de papel. Aquilo não era para mim, fora um erro entrar ali, aquele negócio é para outras pessoas (sexodependentes? e compram livros?), as editoras e os livreiros tentam desviar para dentro daquelas casas sombrias a senhora talvez licenciada que a essas mesmas horas há-de mas é estar no cabeleireiro, talvez mesmo no café ao lado a comer uma sande de queijo fresco sem manteiga. Foi a primeira vez que me senti a mais numa livraria, tantas foram as que me foram familiares desde a adolescência.
Definitivamente: não sou "público-alvo". Com quase 60 anos, boas notas na universidade, conhecimento de algumas línguas estrangeiras, não é para mim que agora se produzem livros, passei ao "quadro dos excedentes" da clientela. Aliás, não encontrei o Tabucchi que, sereia falaciosa, me atraíra lá para dentro, para onde só vi um mundo de conselhos práticos ou fantasias erótico-medievais-político-iniciáticas que, de todo, não é para a minha idade e condição cardíaca.
Já na rua, horrorizado, "snob", e com a Primavera a trazer-me saudades de Saint-Germain des-Prés (tantos livros a descobrir confiando na tenacidade dos editores a defender o seu bom nome), pus-me a fazer contas. E posso apostar em que não haveria, naquela loja moderna e central, mais de 8 por cento "de literatura". Estranho que a literatura seja agora minoritária precisamente no negócio dos livros, ou não será? Aqueles "produtos" eram o que se chama "entretenimento" (mas quem se entretem com aquilo tudo?), ou livros de conselhos (mas as pessoas lerão estes milhares de conselhos para emagrecer, fazer saladas, engordar, amar, falar com o chefe, arranjar emprego?), romances históricos (desde "O Monge de Cister" de Herculano que não os quero ver à frente), fábulas, livros de engate ou paródia.
Está bem, nem há literatura nas livrarias nem eu sou o cliente pretendido, eis-me reformado. E lá fui à tabacaria em frente onde aí sim, se encontram agora Bulgakov, Calvino, Pavese, Hamsun, Andric, Tolstoi, Miguéis, Cervantes, e até Teixeira-Gomes, literatura, coisa para velhotes, imagino, entre dois registos para a Santa Casa.
E eu que queria tanto ser "público-alvo", que se me dedicassem edições, programações, que ainda se dirigissem a mim. É que ainda gastava algum dinheiro, juro... Quando leio por todo o lado que o desígnio das políticas é a "formação dos públicos" (para comprarem livros com pernas abertas de rapariga elegante?), entro na melancolia, sinto-me folha morta. O que farão comigo, público já formado? Lixo comigo? Ou terei de passar por educando, iletrado, ignorante para poder entrar num teatro? A pouco e pouco, o "meio" (político, cultural, editorial, curatorial, programatorial...) descobriu outro destinatário, senhoras ginasticadas, moçoilas aprendizas do amor e os jovens, esses jovens que lhes enxameiam os discursos. E que é deles, que não os vejo nas livrarias, a nenhum desses "alvos"?
E não é só com livros, não, é filmes, é teatros, nada disso será doravante para mim. Lembrem-se das recentes declarações da ministra segundo a qual o Teatro Nacional terá como público-alvo os jovens ( e eu, que nunca o quis ser?, não tenho direito a ir ver um teatrinho normalmente para adultos ou mesmo velhos?), a ver ( mais ou menos sic) se eles ficam "mais tolerantes". E percebo que, para existirem, as artes (???) terão de se portar muito bem à mesa, não citar os intolerantes, serão bem comportadas, iogurtes de frutos vermelhos com bifidus, artes limpinhas, para poderem ser propagandeadas como calmantes sociais, gerando boas maneiras políticas.
(Saudades ao Vítor Silva Tavares, casquinemos!)
Ou também a mim me reciclam, "laranja mecânica", a ver se fico "tolerante"?
Foi um erro entrar naquela livraria, vi-me dispensado da vida. Mas talvez seja essa a verdade. "
Jorge Silva Melo
[saído no Mil Folhas de 8/04/2006]
Depois de ter assistido ao debate sobre os média e a leitura, no encontro sobre a Leitura de Cáceres, mais ainda prezo o Mil Folhas. Contra a escassez da presença dos livros na imprensa e na comunicação social em geral, espero sempre pelos Sábados com "gulodice".
Sónia Sequeira
O erro foi meu, entrei numa livraria. Parecia-me ter entrevisto na montra o novo livro de Antonio Tabucchi, entrei. Para chegar ao fundo, ao lugar onde há livros (numa livraria, não devia ser o lugar principal?), atravessei várias bancas de bugigangas, revistas que oferecem chinelos e cafeteiras Bodum, agendas, os omnipresentes Moleskine. E as primeiras bancas eram de "best-sellers" e "novidades" com capas picantes, pernas de mulher por todo o lado, um rabo ou outro, siglas iniciáticas.
Fiquei, parvo, a olhar para aqueles livros todos, quilos de papel. Aquilo não era para mim, fora um erro entrar ali, aquele negócio é para outras pessoas (sexodependentes? e compram livros?), as editoras e os livreiros tentam desviar para dentro daquelas casas sombrias a senhora talvez licenciada que a essas mesmas horas há-de mas é estar no cabeleireiro, talvez mesmo no café ao lado a comer uma sande de queijo fresco sem manteiga. Foi a primeira vez que me senti a mais numa livraria, tantas foram as que me foram familiares desde a adolescência.
Definitivamente: não sou "público-alvo". Com quase 60 anos, boas notas na universidade, conhecimento de algumas línguas estrangeiras, não é para mim que agora se produzem livros, passei ao "quadro dos excedentes" da clientela. Aliás, não encontrei o Tabucchi que, sereia falaciosa, me atraíra lá para dentro, para onde só vi um mundo de conselhos práticos ou fantasias erótico-medievais-político-iniciáticas que, de todo, não é para a minha idade e condição cardíaca.
Já na rua, horrorizado, "snob", e com a Primavera a trazer-me saudades de Saint-Germain des-Prés (tantos livros a descobrir confiando na tenacidade dos editores a defender o seu bom nome), pus-me a fazer contas. E posso apostar em que não haveria, naquela loja moderna e central, mais de 8 por cento "de literatura". Estranho que a literatura seja agora minoritária precisamente no negócio dos livros, ou não será? Aqueles "produtos" eram o que se chama "entretenimento" (mas quem se entretem com aquilo tudo?), ou livros de conselhos (mas as pessoas lerão estes milhares de conselhos para emagrecer, fazer saladas, engordar, amar, falar com o chefe, arranjar emprego?), romances históricos (desde "O Monge de Cister" de Herculano que não os quero ver à frente), fábulas, livros de engate ou paródia.
Está bem, nem há literatura nas livrarias nem eu sou o cliente pretendido, eis-me reformado. E lá fui à tabacaria em frente onde aí sim, se encontram agora Bulgakov, Calvino, Pavese, Hamsun, Andric, Tolstoi, Miguéis, Cervantes, e até Teixeira-Gomes, literatura, coisa para velhotes, imagino, entre dois registos para a Santa Casa.
E eu que queria tanto ser "público-alvo", que se me dedicassem edições, programações, que ainda se dirigissem a mim. É que ainda gastava algum dinheiro, juro... Quando leio por todo o lado que o desígnio das políticas é a "formação dos públicos" (para comprarem livros com pernas abertas de rapariga elegante?), entro na melancolia, sinto-me folha morta. O que farão comigo, público já formado? Lixo comigo? Ou terei de passar por educando, iletrado, ignorante para poder entrar num teatro? A pouco e pouco, o "meio" (político, cultural, editorial, curatorial, programatorial...) descobriu outro destinatário, senhoras ginasticadas, moçoilas aprendizas do amor e os jovens, esses jovens que lhes enxameiam os discursos. E que é deles, que não os vejo nas livrarias, a nenhum desses "alvos"?
E não é só com livros, não, é filmes, é teatros, nada disso será doravante para mim. Lembrem-se das recentes declarações da ministra segundo a qual o Teatro Nacional terá como público-alvo os jovens ( e eu, que nunca o quis ser?, não tenho direito a ir ver um teatrinho normalmente para adultos ou mesmo velhos?), a ver ( mais ou menos sic) se eles ficam "mais tolerantes". E percebo que, para existirem, as artes (???) terão de se portar muito bem à mesa, não citar os intolerantes, serão bem comportadas, iogurtes de frutos vermelhos com bifidus, artes limpinhas, para poderem ser propagandeadas como calmantes sociais, gerando boas maneiras políticas.
(Saudades ao Vítor Silva Tavares, casquinemos!)
Ou também a mim me reciclam, "laranja mecânica", a ver se fico "tolerante"?
Foi um erro entrar naquela livraria, vi-me dispensado da vida. Mas talvez seja essa a verdade. "
Jorge Silva Melo
[saído no Mil Folhas de 8/04/2006]
Depois de ter assistido ao debate sobre os média e a leitura, no encontro sobre a Leitura de Cáceres, mais ainda prezo o Mil Folhas. Contra a escassez da presença dos livros na imprensa e na comunicação social em geral, espero sempre pelos Sábados com "gulodice".
Sónia Sequeira
domingo, abril 02, 2006
O DESTINO DOS LIVROS ESTÁ ESCRITO NAS ESTRELAS

Dia Internacional do Livro Infantil
Mensagem do IBBY de 2006
"Os adultos perguntam com frequência o que acontecerá aos livros quando as crianças deixam de os ler.
Talvez esta seja uma resposta:
«Nós carregá-los-emos todos em enormes naves espaciais e enviá-los-emos para as estrelas!»
Uau...!
Os livros são realmente como estrelas num céu nocturno. Há tantos, não podem ser contados e frequentemente estão tão longe de nós que não ousamos procurá-los. Mas imaginem só como ficaria escuro se
um dia todos os livros, esses cometas no nosso universo cerebral, partissem e cessassem de fornecer essa energia
ilimitada da imaginação e do conhecimento humanos...
Valha-nos Deus!
Vocês dizem que as crianças não podem compreender uma ficção científica como esta?! Muito bem, eu viajarei para a
terra e permitir-me-ei recordar os livros da minha própria infância. De qualquer maneira, isto é o que me veio à mente
quando eu estava a olhar para a Ursa Maior, a constelação a que nós, Eslovacos, chamamos «Grande Carroça», porque os
meus livros mais preciosos me chegaram numa carroça... Isto é, não chegaram inicialmente a mim, mas à minha mãe. Foi
durante a guerra.
Um dia, estava ela à beira da estrada quando passou chocalhando uma carroça – uma carroça de feno atulhada de livros e puxada por uma parelha de cavalos. O condutor disse à minha mãe que estava a transportar os livros da biblioteca
da cidade para um lugar seguro, para impedir que fossem destruídos.
Nesse tempo a minha mãe era ainda uma menina pequena, ansiosa por ler, e à vista daquele mar de livros os olhos dela iluminaram-se como estrelas. Até então só tinha visto carroças cheias de feno, palha ou talvez estrume. Para ela uma carroça cheia de livros era como algo saído de um conto de fadas. Arranjou coragem para pedir:
«Por favor, não poderia dar-me ao menos um livro dessa grande pilha?»
O homem sorriu, assentiu, saltou da carroça abaixo, desatou um dos lados e disse: «Podes levar para casa todos os que caírem no caminho!»
Alguns volumes caíram ruidosamente na estrada poeirenta, e pouco depois aquela estranha carroça já tinha desaparecido numa curva da estrada. A minha mãe apanhou os livros, com o coração a bater furiosamente de excitação.
Depois de lhes limpar o pó, verificou que entre eles, perfeitamente por acaso, havia uma edição completa dos contos de Hans Christian Andersen. Nos cinco volumes de várias cores não existia uma única ilustração, mas aqueles livros
iluminaram milagrosamente as noites que a minha mãe tanto temia. Isso acontecia porque durante aquela guerra ela tinha
perdido a sua própria mãe. Quando lia aqueles contos ao serão, cada um deles era para ela um pequeno raio de esperança, e com uma imagem tranquila no coração, pintada com pestanas meio fechadas, podia adormecer
sossegadamente, pelo menos durante um bocado...
Os anos sucederam-se e aqueles livros passaram para mim. Eu levo-os sempre comigo pelas poeirentas estradas da minha vida. De que poeira é que eu falo, perguntam vocês?
Ah!
Talvez eu estivesse a pensar na poeira de estrelas que se instala nos nossos olhos quando nos sentamos numa cadeira a ler numa noite escura. Isto é, se estivermos a ler um livro. No fim de contas, nós podemos ler todo o tipo de coisas. Uma face humana, as linhas da palma de uma mão, e as estrelas...
As estrelas são livros num céu nocturno e iluminam a escuridão.
Sempre que eu duvido se vale a pena escrever mais um livro, contemplo o céu e digo para mim próprio que o universo é realmente infinito e que ainda deve haver lugar para a minha pequena estrelinha."
Ján Uličiansky
Ján Uličiansky nasceu em 1955 em Bratislava. Tendo estudado dramaturgia, é autor
de peças de teatro e contista, tendo sido director do Teatro de Marionetas de Košice
e trabalhando actualmente como dramaturgo na rádio eslovaca.
Diversas vezes premiados, os seus livros para crianças parecem
buscar uma nova coerência na relação entre a lógica infantil e a lógica adulta.
buscar uma nova coerência na relação entre a lógica infantil e a lógica adulta.
Humor, paródia, aventura são aspectos recorrentes na sua escrita, que
explora de modo criativo o ludismo verbal.
explora de modo criativo o ludismo verbal.
Dos seus livros destacam-se As Ilhas dos Bonecos de Neve (1990), Temos a Ema (1993), Histórias
Extraordinárias dos Sete Mares (2003) e Um Rapaz Mágico (2005).
Extraordinárias dos Sete Mares (2003) e Um Rapaz Mágico (2005).
Versão portuguesa: José António Gomes
Autor do cartaz: Peter Čisárik
O DIA INTERNACIONAL DO LIVRO INFANTIL É UMA INICIATIVA DO IBBY (INTERNATIONAL BOARD ON BOOKS FOR YOUNG PEOPLE),
REALIZADA ANUALMENTE DESDE 1967. O PATROCINADOR DE 2006
Autor do cartaz: Peter Čisárik
O DIA INTERNACIONAL DO LIVRO INFANTIL É UMA INICIATIVA DO IBBY (INTERNATIONAL BOARD ON BOOKS FOR YOUNG PEOPLE),
REALIZADA ANUALMENTE DESDE 1967. O PATROCINADOR DE 2006
É A SECÇÃO NACIONAL DO IBBY DA ESLOVÁQUIA.
DIFUSÃO EM PORTUGAL: APPLIJ – SECÇÃO PORTUGUESA DO IBBY
DIFUSÃO EM PORTUGAL: APPLIJ – SECÇÃO PORTUGUESA DO IBBY
sábado, abril 01, 2006
Apresentação do Livro de Miguel Horta

De Tamarindo, ilha imaginária de Cabo Verde, chega-nos a história de Pinok, um menino crioulo com fama de muito mentiroso. O relato de uma amizade entre homens e animais que acaba por salvar a ilha, semeando solidariedade.
Em jeito de contador de histórias, Miguel Horta leva-nos através da atmosfera das ilhas, fazendo-nos sentir a cultura crioula.
Miguel Horta é um pintor que gosta de palavras e de pessoas. Tem trabalhado pelo país fora na promoção do livro e da leitura e em educação pela arte.
A uma obra marcada pelo oceano junta-se, agora, um rio de palavras que desaguam numa cultura comum.