sexta-feira, março 31, 2006

da ternura





Hoje o dia estava mesmo cinzento e havia raios e coriscos a crescer tempestade dentro da boca.

Depois? Depois, entrou aqui a doce Professora Alice com os seus alunos de Literatura do 10ºI (Escola Secundária José Estevão).

Abrimos, lemos, conversámos LIVROS.
Bebemos chá. Entornámos açucares.
Olhámo-nos para dentro dos olhos. Perscrutámos um navio de espelhos.
Sorrisos. Muitos.
Que inveja, aquele riso nervoso e fosforescente que nos pode nascer na boca quando estamos a descobrir tantas coisas ao mesmo tempo.
Palavras? Há algumas que são mais ou menos proibidas, não é? Não, só fazem corar.
Às vezes as mais inofensivas também. Às vezes uma só faz corar.
Às vezes quando te olho, coras.
Quase que fazíamos uma antologia de poemas minímos.
E tu? Já leste algum poema que te fizesse ficar mesmo diferente?
Quando acabas de ler um poema costumas ir ver-te outra vez ao espelho, para ver se ficaste igual?
A Professora Alice já, um do David Mourão-Ferreira, o último com que isso lhe aconteceu.
Sim, que "isso" já lhe aconteceu muitas vezes.
Diz-nos isto, levantamos a cabeça do livro e tem àgua fresca a dançar nos olhos.

Depois? Depois, antes de irem embora:

Livreiro da Esperança

Há homens que são capazes de uma flor
Onde as flores não nascem.
Outros abrem velhas portas
em velhas casas fechadas há muito.
Outros ainda despedaçam muros
acendem nas praças uma rosa de fogo.
Tu vendes livros quer dizer
entregas a cada homem
teu coração dentro de cada livro.

Manuel Alegre, "Praça da Canção"

E dissémos uma para a outra:
- se fossemos pequeninas podiamos chorar, porque apetecia, não era?

Obrigada, Professora Alice
por nos encher este dia de madrugadas.

"Legenda feliz: arte com vista para o mar"















" ou seja temos uma espécie de responsabilidade daqueles momentos que são prodigiosos ... tentar apanhar.
Estamos a tentar dar uma chance aos lugares, às pessoas para ficarem para sempre."
o cineasta Paulo Rocha à conversa com Carlos Vaz Marques

"Juntam a espuma ao espanto"

quinta-feira, março 30, 2006

Mais um Vila-Matas na Livraria

"Assim fiz, fumei na minha casa da cidade nervosa até que se fez dia e adormeci depois sonhando com o farol de Cascais e ouvindo a voz de Billy Budd e, ao acordar, umas horas depois, voltei à minha curiosidade estéril de observador de vidas alheias."

Enrique Vila-Matas

Alguns títulos deste livro de crónicas:

Esse Bryce anda por aí
Breve antologia dos postais deseperados
Um tapete que se espalha em muitas direcções
Gombrowicziana
Os contos que desenham a vida
Juan José Milllás e a lógica dos túneis
A um escritor com duas casas para sempre
Biblioteca de quarto escuro
De Carmen Miranda a Pascoaes
A Vida segundo Hemingway

Um livro que faz abrir outros livros.
Um livro para quem gosta de ler e lê.

Um livro para ser lido num lugar de livros.

terça-feira, março 28, 2006

Noticias de fim do Inverno

29 de Março - 21h30 - Bar das Residências Recital de Poesia «Adormeceu do lado da Primavera...»
Quarta-feira é dia de actividade cultural no Bar das Residências.
Depois de cinema e música, o Bloco Cultural do Sector Desportivo da Associação Académica da UA, em parceria com a Livraria Navio de Espelhos, promove um Recital de Poesia.

Já sabe. Dia 29 de Março, às 21h30, no local do costume.

Neste Recital de Poesia, intitulado «Adormeceu do lado da Primavera...» serão lidos poemas de Jorge de Sousa Braga. Será servido chá a todos os participantes.

Jorge de Sousa Braga nasceu em 1957 e é natural de Cervães (Vila Verde), sendo actualmente médico no Porto.
Os seus cinco primeiros livros, publicados entre 1981 e 1987, foram reunidos num volume, «O poeta nu», de que saiu agora a 2ª edição, na Fenda. A nota irónica e um profundo sentimento de ternura perante o mundo constituem duas marcas que podemos encontrar na sua escrita.
A sua última recolha, editada pela Assírio e Alvim, intitula-se «Herbário» (1999). Este, com desenhos de Cristina Valadas, corresponde a uma incursão no campo da escrita para crianças e foi distinguido com o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens.
Jorge de Sousa Braga é autor ainda de versões para português de obras de outros poetas, como Jorge Luís Borges, Leonard Cohen, Matsuo Bashô, Li Po e G. Apollinaire. Foi também o organizador de uma antologia intitulada «O vinho e as rosas», editada pela Assírio e Alvim em 1995.
Mais recentemente, Jorge Sousa Braga publicou os seguintes livros de poemas: Fogo sobre Fogo (1998), Herbário (1999) e A Ferida Aberta (2001).
Sobre o último livro de Jorge de Sousa Braga escreveu o crítico Fernando Pinto do Amaral tratar-se de um «ciclo de 24 poemas que giram em torno da mulher (ou das mulheres) e daquilo que define mais especificamente o género feminino».
Mais informações: João Rosa e Negesse Pina, Sector Acção Social da AAUAv,
E-mail: accaosocial@aauav.pt

quinta-feira, março 23, 2006

Recado que hoje segue manchado de finos bagos de romã

Un viejo proverbio escandinavo dice:

“Solo el que se sale del camino y se equivoca, encuentra cosas interesantes”.
Muchas veces nos ponemos en camino de nuestros “sueños” y en ese andar nos equivocamos, perdemos la senda, erramos los pasos,….. En esos momentos nos gustaría que los amigos nos ayudaran para encontrar nuevos caminos, para hallar las cosas interesantes que nuestro deambular nos ofrece, por desgracia la mayoría de las veces lo que nos dicen es: “ya te lo había dicho”, “¿pero, porqué no vuelves al camino?” y otras cosas similares.
Si me arriesgo, si me pierdo, no me recrimines, … dame las gracias por hacer lo que tu no te atreves, o no quieres, y ayúdame. Como puedas, como quieras,… Pero ayúdame. Y si no puedes o no quieres, al menos, dame tu apoyo. Y si ni eso es posible, por lo menos ¡callate!.
Carles García Domingo

Prescrição poética

"O Dia Mundial da Poesia não foi esquecido pela «A poesia está na rua», uma iniciativa da Câmara Municipal de Santo Tirso. Entre as diversas actividades, destaque para o lançamento do Poemax XR e a homenagem ao poeta Manuel António Pina.
«A poesia está na rua», iniciativa da Câmara Municipal de Santo Tirso, este ano sob o lema “A poesia faz bem à saúde” celebrou, ontem, o Dia Mundial da Poesia através da acção “24 horas de poesia”. Esta acção começou com o lançamento, anteontem, do livro «O teu nome», da autoria de António Joaquim Oliveira, e terminou ontem com uma homenagem ao poeta e escritor Manuel António Pina, no salão nobre da câmara. A homenagem contou com a apresentação do crítico e ensaísta Eduardo Prado Coelho, e a participação musical dos alunos da ARTEMAVE. Pelo meio, saliente-se o lançamento do Poemax XR, através dos delegados de propaganda poética, promovido junto dos médicos do Hospital de Santo Tirso. Ao fim da tarde, realizou-se, na biblioteca municipal, uma conferência com o tema «As virtudes terapêuticas da poesia», da responsabilidade do cardiologista João Lopes Gomes.

Pedrada no charco

Em jeito de balanço, Júlia Godinho, vereadora da Cultura da câmara municipal, classificou o resultado da iniciativa como “bastante positivo”, dada a “incrível adesão” verificada. “Tirar a poesia dos locais habituais como bibliotecas, livrarias, e fazê-la circular nas ruas, tornando-a parte do nosso quotidiano”, são os objectivos avançados pela vereadora.
António Joaquim Oliveira, classificou «A poesia está na rua» como uma “pedrada no charco”. E salientou que a iniciativa pretende demonstrar que “este mundo não é só feito de trabalho e bens materiais”.
Manuel António Pina, poeta e comentador, saudou a iniciativa da autarquia de Santo Tirso de “em tempo de OPA’s, existir uma câmara que aposta na gratuitidade da poesia”. “Independentemente da dimensão cultural, ela é relevante pela sua dimensão moral”, acrescentou. Em relação à homenagem, o poeta afirmou: “A palavra homenagem deixa-me constrangido”. No entanto, sublinhou o facto de esta poder ser uma forma de “chamar a atenção para a poesia contemporânea portuguesa”. “Tem sido essa a prática desta iniciativa”, concluiu.

Rui Almeida no Primeiro de Janeiro de 22 de Março de 2006

O impulso de chamar Professor a quem nos ensina noutra escola



Pé ante pé, a poesia


"Fazer chegar a poesia às pessoas é certamente uma arte. Para muitos, a poesia nem sabem bem o que é. Para outros, é um modo de desligar da realidade: veja-se a forma como Manuel Alegre foi tratado por muitos jornalistas e homens políticos. Para outros é uma linguagem estranha, uma espécie de país estrangeiro. Por isso (e por amizade e admiração por Manuel António Pina), aceitei ir a Santo Tirso, que aliás não conhecia. A experiência compensou. A imaginação anda pela rua, pelos lugares públicos. Pé ante pé, devagarinho, a poesia avança.O motorista que me tinha ido buscar ao Porto foi-me dizendo pelo caminho que o bolo imprescindível quando se vai a Santo Tirso é "o jesuíta". Todos já conhecemos os jesuítas, mas descobre-se que estes têm uma massa especial que os torna leves e estaladiços. Entrei na pastelaria Moura com modos de agente secreto, e que verifico? Que o extremamente dinâmico presidente da câmara, a vereadora da Cultura e o organizador dos acontecimentos, Alberto Serra, todos lá estavam a ouvir poesia proferida por jovens actores com bata branca de enfermeiros.Donde, a poesia andava pelos cafés. Foi ainda objecto de uma conferência bem interessante, com um tema insólito. No auditório da biblioteca, belíssima criação dos arquitectos Maria Manuel Oliveira e Pedro Mendo, o dr. Lopes Gomes falou sobre Cardiologia e poesia, centrado menos na poesia e mais nos ritmos biológicos das emoções. Foi um momento estimulante que contribuiu para reforçar a ideia de que "a poesia faz bem à saúde".À noite, nas instalações repletas da Câmara Municipal de Santo Tirso, tivemos uma intervenção musical, leitura de poemas, tudo isto consagrado ao poeta Manuel António Pina. Coube-me o prazer de apresentar o autor e desenvolver com ele uma conversa em que o público participou. Entretanto, pseudodelegados de propaganda médica e piquetes de urgência, distribuíam um "medicamento" que dava pelo nome de "Poemamax XR", ideia divertida em que dentro de uma caixa de remédios surgia um pequeno frasco com a "literatura". Lá se dizia que o medicamento poderia ter efeitos colaterais mais ou menos desejáveis: "Paixões, sintomas de alucinação e de abandono compulsivo de actividades rotineiras", isto é, consequências passionais derivadas. O medicamento era útil em "casos de prolongada tristeza, depressões, solidão, práticas consumistas, impaciência, insónias, teledependência e hipossensibilidade" e provoca "sintomas de dependência em pacientes pouco habituados à leitura e à partilha de sentidos".Como declarou Manuel António Pina (que estende a sua sensibilidade poética à mais estranha ficção e sobretudo aos contos para crianças"), há mais vida para além da poesia. Pois é. Tal como há mais vida para além do défice. Santo Tirso é um exemplo disso mesmo. Tal como os gatos e cães de que Manuel António Pina tanto gosta, o poema existe em si mesmo, como evidência exclusiva. Não é forçosamente comunicação, mas algo que nos toca. O mais importante no mundo: tu e alguma poesia. Mas tu és sempre a poesia em si mesma."

Eduardo Prado Coelho na crónica "o fio do horizonte", Jornal Público de 23/03/2006

quarta-feira, março 22, 2006

ORGULHO


"Colóquios e recitais em abundância

É extensa a lista de localidades que resolveram associar-se às comemorações do Dia Mundial da Poesia. E se é certo que poucas desenvolvem programações tão estruturadas como as de Santo Tirso, ano após ano o número de autarquias que aderem à data não pára de crescer" Jornal de Noticias

24 horas de poesia Santo Tirso




Relato breve com sono e promessa de regresso










Poemax XR com "mais saída do que o Ben-u-ron" no Hospital de Santo Tirso


"Delegados de propaganda poética e um piquete de emergência distribuíram amostras
do "genérico poético de largo espectro" aos doentes internados. Pelo terceiro ano consecutivo, comemorou-se o Dia Mundial da Poesia na rua.

Até ontem, o Hospital de Santo Tirso foi notícia por estar na shortlist das maternidades a encerrar. Ontem, foi notícia por ter sido o primeiro hospital do país a testar a eficácia do Poemax XR. O "genérico poético de largo espectro" desenvolvido pelo "grande laboratório de metáforas" Poetolab começou por ser apresentado pelos delegados de propaganda poética aos médicos de serviço e foi depois indiscriminadamente administrado pelo piquete de emergência aos doentes internados em diversas enfermarias - e nos quartos, por enquanto ainda abertos e ainda autorizados a administrar genéricos aos recém-nascidos e às respectivas mães, da maternidade.
Não foi a primeira vez que houve poesia no Hospital de Santo Tirso: há dois anos, já então também sob a orientação do jornalista e diseur Alberto Serra, o piquete das 24 Horas de Poesia entrou pelas urgências às 5h30 da manhã para cumprir o seu "dever de falar" alto do pai de Ana Luísa Amaral, do avestruz todo gris de António Botto, das palavras entre nós e Cesariny, da página aberta do corpo de Ramos Rosa e do bebé de Jorge Sousa Braga na Incubadora. Ontem voltou a haver disso, na maternidade: "Pesava quinhentos gramas e respirava/ sem ajuda do ventilador/ O coração da sua mãe quase que não batia/ com receio de que ele sufocasse/ sob o peso do seu amor".
Mas foi a primeira vez que o piquete do Dia Mundial da Poesia - que há três anos se comemora na rua, em Santo Tirso - passou para lá da sala de espera e entrou nas enfermarias, ainda que sob a supervisão das equipas médicas já convertidas às propriedades terapêuticas do Poemax XR pelos três delegados de propaganda poética destacados para a operação.
Primeira prescrição, ainda na sala de reuniões do serviço de Medicina (foi a fase da lavagem cerebral, com os médicos "um bocado renitentes, não é?, mas isto vai ter mais saída do que o ben-u-ron"): Atropelamento e fuga, de Manuel António Pina. O delegado de propaganda poética tira o folheto da embalagem, lê a composição ("poemas populares e eruditos de largo espectro"), enumera as indicações terapêuticas ("casos de prolongada tristeza, depressões, solidão, práticas consumistas, impaciência, insónias, teledependência e hipossensibilidade") e descreve os efeitos secundários ("sintomas de dependência em pacientes pouco habituados à leitura e à partilha de sentidos"). Há uma médica que aceita uma amostra e toma As vozes, outro poema de Pina. Os efeitos são imediatos, e um dos delegados de propaganda poética aproveita: "Sentimo-nos todos muito melhor - é a prova de que o medicamento efectivamente funciona. Entrámos todos circunspectos, e agora estamos todos com um serviço nos lábios. Ainda por cima, é comparticipado e podem tirar-se fotocópias. Você agora passa o medicamento aos seus colegas na pausa do café, no intervalo do almoço".
Na enfermaria 6 do Serviço de Ortopedia - duas pernas engessadas, um braço ao peito, duas canadianas e um campeão paralímpico com o "pequeno problema" (sic) de ter ficado paraplégico aos três anos -, pausa no programa da manhã da Fátima Lopes para mais uma demonstração do Poemax XR. A doente da cama 1 gostou do saco de pano (um bloco de notas, um postal e uma amostra do genérico) que o laboratório deixou lá ficar e bateu palmas ao poema sobre a felicidade do campeão paralímpico João Correia. No fim perguntou quando é que passava na televisão: não foram só 15 minutos de poesia, também foram 15 minutos de fama."
de Inês Nadais
para o Jornal Público de Quarta, 22 de Março de 2006

segunda-feira, março 20, 2006

À mesa com Júlio Verne
21 de Março
20h00

…Pelas onze horas sucede um caso feliz. O mestre, que logo pela manhã
deitou as linhas ao mar, não se enganou desta vez. Com efeito, apanhou
três peixes. São três grandes, de oitenta centímetros de comprimento,
pertencentes à espécie que, depois de seca, é pelos Ingleses chamada
stockfish.
Mal o mestre tira os peixes da água, logo os marinheiros se deitam a eles.
O capitão Kurtis, Falsten e eu corremos em auxílio do mestre e logo se
restabelece a ordem. Três bacalhaus pouco é para catorze pessoas, mas
todos recebem o seu quinhão. Uns, e são os mais, devoram o peixe cru, bem
se pode dizer vivo. Robert Kurtis, André Letourneur e miss Herbey
conseguem dominar a fome. Acendem um punhado de aparas a um canto da
jangada e assam o peixe. Por mim não tive ânimo para tanto e comi-o ainda
sangrento!

VERNE, Júlio – A Galera “Chancellor”

No dia 21 de Março, terça-feira pelas 20h00, no Restaurante do Crasto no
Campus da Universidade de Aveiro, realiza-se mais um “À mesa com Júlio
Verne”.
Pretendemos com esta iniciativa juntar o ambiente literário das aventuras
descritas por Júlio Verne à mestria da culinária inspirada do Chef Michel
com as razões culturais e científicas que levam a juntar alimentos e
especiarias para conseguir o sabor que irá proporcionar o prazer gustativo
e o apetite pela conversa à volta das questões culinárias, químicas e
literárias.
A Cozinha é um Laboratório da Fábrica alia-se à arte culinária e à
literatura para, de uma maneira diferente, transmitir e proporcionar o
gosto pela Comunicação de Ciência.

O jantar, confeccionado e apresentado pelo Chef Michel, é servido com
informação sobre os produtos confeccionados. Os monitores da Fábrica
Ciência Viva servem à mesa com informação que ajudará na completa
degustação deste jantar.
Ao longo da noite são várias as razões para as atenções se levantarem da
mesa e enriquecerem com outros prazeres. Nomeadamente, a leitura de
trechos do livro A Galera “Chancellor” e a apresentação O Bacalhau –
Diferentes formas de conservação pelo Engenheiro João Vieira da empresa
Pascoal &Filhos onde ficarão claras as diferenças entre stockfish e
bacalhau, e modos de produção.

Este evento, promovido pela Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro, obteve
o apoio entusiasmado das empresas Pascoal e Filhos Lda. e Caves Aliança.

Ementa

Entrada
Mesclin de saladas com lascas de bacalhau fresco salteadas com uma
composição de alcaparras, cubos de limão e cubinhos de pão frito
Espumante Bairrada Reserva Bruto 2000

Prato
Guisadinho de feijoca com Stockfish e mariscos e o seu arroz de sustância
Aliança Galeria Branco 2005

Sobremesa
Folhado de maçã e sua mousse de hortelã acompanhado de gelado de baunilha
e coulis de morangos
Aliança Particular Bruto 2000
"Fala para melhorar o silêncio.
Se não, cala-te."

Dias em que vale a pena acordar e receber mimos









Aquilo que sempre mais quis foi o que nunca consegui. É assim também que os humanos chamam ao desejo.É assim também que chamam à arte.A minha livraria preferida no mundo inteiro é a Navio de Espelhos, que nunca vi, que desejo, que a hei-de criar.

Paulo José Miranda

domingo, março 19, 2006

Hoje o dia é de não ter palavras na boca







































Por isso imagens que falam


"A Poesia como viagem" Santo Tirso 2006


A Poesia como viagem


“A poesia está na rua” o que fez durante estes tempos que passámos juntos
foi tirar a Poesia do lugar onde então morava:
os livros, as bibliotecas, as livrarias.




Soletrámos esta frase com duplo sentido, fizemos com que a Poesia circulasse pelas ruas e que despertasse as pessoas e nas pessoas e
simultaneamente fizemos com que estas acções inusitadas despertassem a
Poesia que há nas situações quotidianas das ruas de uma cidade.

Pode ser tão maravilhoso ver o António Poppe e o António Fontinha a
abraçarem contos e poesia na luz romântica de um antigo salão de baile
como maravilhoso pode ser essa cena do filme “Azul” de Kieslowski em que a
protagonista está sentada num parque com os olhos semicerrados
contemplando a lentidão deliciosa do passo da vida.

Por detrás do olhar aos livros, aos poemas, às ruas, aos lugares públicos
é necessário continuar à procura desses outros lugares onde possa crescer a Poesia.
Precisamos de um olhar atento aos lugares desconhecidos que nos passam diariamente
desapercebidos e que existem nas cidades.

(lugares onde não é habitual que se possa parar o mundo e ler um poema, lugares para os que não costumamos olhar como mais um lugar da cidade, lugares que queremos esquecer que existem).

20 livros para colocar dentro da caixa


Poemas que pudessem mudar-nos a vida.
A Poesia como um bilhete de viagem para outro lugar qualquer.
Um convite a uma participação mais alargada numa viagem maior.

pequenos recitais de poesia nos lugares onde ficariam as
caixas e que serviriam de provocadores de vontade de abrir...os livros

o caminho até ao livro

Se levarmos os livros aos lugares de contingência estamos a fazer o caminho ao contrário.
Estamos a abrir caminhos e isso é de importância fundamental quando falamos de cultura.

segunda-feira, março 13, 2006

Para não corrermos o risco de perdermos a capacidade de nos deslubrarmos


Convite para visitar a Livraria em dia especial

dia 14 de Março pelas 18.00h
Apresentação do livro Corpo de cordas - 10 anos de Companhia Paulo Ribeiro, de Cláudia Galhós - edição Assírio e Alvim



Conversa com Paulo Ribeiro, Cláudia Galhós e Maria de Assis.

"Acho que faço o que faço porque a realidade humana me entristece mas também me fascina. O quotidiano maravilha-me quando consegue ter uma dimensão poética, quando consegue ir um bocadinho mais longe. Assusta-me a ideia de perder a disponibilidade para me deslumbrar.(...)" Paulo Ribeiro

quinta-feira, março 09, 2006

Hoje há festa no Navio

Inauguração e Japão


Inauguração da exposição de fotografia de Rui Gonçalves
Fotógrafo amador, observador por natureza, acredita que a fotografia capta locais ou momentos.
Considera que os melhores momentos são aqueles que ficam registados na nossa memória e que jamais poderão ser documentados por uma fotografia. Porém, procura explorar o grafismo e as nuances dos pormenores, que, com o tempo, se vão apagando da memória e que a fotografia ajuda a resgatar do esquecimento.

Esta exposição vai estar patente na livraria até 7 de Abril.

Em Discurso directo:

nihon ni kaerimasu - 10 de Março a 7 de Abril - o navio de espelhos

"Em 2003 trabalhava, em Portugal, numa empresa japonesa. Depois de umas
decisões estratégico-desastrosas ligadas ao lançamento no mercado chinês de
um novo produto, para o qual estávamos a trabalhar há 4 anos, fui
"convidado" a visitar o país do sol nascente. Assim, no período de 24 de
Maio a 18 de Junho e posteriormente entre 1 e 18 de Dezembro, desse mesmo
ano, estive a trabalhar no Japão.21.30h
Foi apenas um mês e meio no total, mas foi de tal maneira intenso que é
difícil não cultivar um fascínio especial pelo país. Não foi por causa das
longas (algumas vezes 18) horas de trabalho diárias, nem pelo trabalho ao
sábado, mas pelas horas roubadas ao sono para se poder viver um bocado da
cultura local durante os dias de semana e ainda pelos domingos de folga, que
eram vividos desde manhã cedo, porque eram valiosas aquelas horas de
"descanso".
Em 2005, uma amiga que estava num grupo de preparação de um fim-de-semana
dedicado ao Japão em Aveiro, sabendo que eu lá tinha estado, convidou-me a
preparar e propor uma exposição de fotografia sobre o país. No entretanto
ela saiu da organização e a minha proposta para a exposição foi recusada
pelo "elevado custo que o evento já estava atingir". Felizmente O Navio De
Espelhos, soube aproveitar a minha proposta e a exposição arrancou, estando
patente na livraria de 10 de Março a 7 de Abril de 2006.
Esta exposição tenta enquadrar as fotografias que fui tirando com alguns
textos que fui escrevendo e mandando aos meus amigos, descrevendo as
aventuras, desventuras, surpresas e experiências que fui absorvendo por lá.
Algumas fotografias foram tiradas com pouca definição, com pouca dedicação,
acima de tudo com poucas horas de sono e com muito deslumbramento. Algumas
nem seria dignas de uma exposição e muitas outras mereceriam ser mostradas.
Mas penso que é o todo que conta e mesmo que sejam só 20 fotografias
expostas com os textos, haverão outras que serão mostradas e comentadas na
inauguração e que não estão aqui.
Espero que gostem e que apareçam, a 10 de Março, para uma conversa e um
Sakê."

Textos e Pretextos

Apareceu aqui um objecto precioso:

" Sisífo encarnava na mitologia grega a astúcia e rebeldia do homem frente aos desígnios divinos. Filho de Éolo e fundador de Corinto, viu-se à mercê do castigo de Zeus que lhe impôs que fizesse rolar eternamente um enorme rochedo, ladeira acima. Mas mal o rochedo atingia o cimo, voltava a cair mercê do seu próprio peso e o trabalho tinha de recomeçar. A lenda mais conhecida sobre Sísifo conta que, num momento de ira, Zeus lhe enviou Thanatos, o génio da Morte, para que o matasse. Mas Sísifo apanhou Thanatos de surpresa e acorrentou-o, de tal maneira que, durante algum tempo, nenhum homem morreu. Certas pessoas são persistentes nas suas convicções, atentas às pequenas ou grandes coisas da vida, resistentes nas causas difíceis, denunciadoras das angústias, mas também das paixões e do amor. Só que a pedra vai rolando e tem de haver quem acredite que, mais uma vez, ela chegue ao topo da montanha. Chico Buarque de Hollanda, na delicadeza com que lapida cada palavra, é talvez o melhor exemplo de Sísifo, uma metáfora do mundo contemporâneo onde se luta contra a indiferença, a culpa, a esterilidade que a diferença de classes provoca. Mas cada palavra de Chico Buarque é vida, numa sede constante de abertura e atenção ao mundo. Só que "Tem dias que a gente se sente / Como quem partiu ou morreu". E a pedra vai rolando. "A gente quer ter voz ativa / No nosso destino mandar". [...]
Na Roda Viva da vida certas pessoas conseguem fixar o tempo, nem que por breves instantes, entre palavras cantadas ou o canto das palavras porque "A gente vai contra a corrente / Até não poder resistir". E mesmo que a pedra vá rolando, Chico Buarque, compositor-intérprete-escritor, ajuda-nos a tornar a subida menos íngreme. "Roda mundo".

de Ricardo Paulouro no belo editorial do número sete da revista Textos e Pretextos
Edição do Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

segunda-feira, março 06, 2006

A Livraria vai à Fábrica








FOLHA DE SALA

(segunda dia 6/03 21:30h)

Leitura de poemas sobre Os Quatro Elementos Livraria O Navio de Espelhos

Voz: Sónia Sequeira
Outros sons: João André

Na Livraria abrimos os livros e andamos sempre a ler. O que vimos aqui
fazer tem que ver com essa curiosidade. O João? É um músico magnífico e é
uma contaminação Sons em Trânsito. Para além de tudo e de outras poesias
tem um sorriso onde apetece morar i parla catalán.
O que fazemos hoje? Respondendo ao desafio da Fábrica andámos semanas nas
estantes a tentar encontrar os 4 elementos. Descobrimos o 5º e aqui está.
Disfrutem.


"Criar não é imaginação
é correr o grande risco de se ter a realidade"
Clarice Lispector

ÁGUA

Imagem: Mark Rothko Nº61 (Castanho, azul, castanho sobre azul), 1953
óleo sobre tela, 294x232,4 cm
Los Angeles, Museu de Arte Contemporânea

Leituras: Jorge de Sousa Braga a partir do livro "O poeta nu" Edição Fenda

- É proibido escrever nas margens
- Hidrologia
- Poema em forma de delta
- Cabril
- De novo o silêncio
- O guarda-rios
- Remos
- Afluentes
- Epílogo

FOGO

Imagem: Mark Rothko Açafrão, 1957
óleo sobre tela, 177x137 cm
(colecção particular)

Leituras: Daniel Faria a partir do livro "Poesia" Edições Quasi

- Explicação das àrvores e outros animais - depois das queimadas as chuvas
- Eliseu (1RS19, 19-21)
- Uma espécie de anjo ferido na raíz - alguma coisa trazia a candeia para
dentro
- Para o instrumento difícil do silêncio - trago os instrumentos do fogo -
Para o instrumento difícil do silêncio - se o fogo destruir a casa


AR

Imagem: Mark Rothko Sem título (preto sobre cinzento), 1969/70
óleo sobre tela, 175,3x235 cm
(colecção Kate Rothko-Prizel)

Leituras: José Mário Silva a partir do livro "Nuvens e Labirintos" Edição
Gótica

- Aproximações a Ícaro
- Crepúsculo
- 15ºandar
- Astronomia
- O teu olhar sustenta o céu imenso
- Tudo o que dizes

TERRA

Imagem: Mark Rothko Preto sobre vermelho vivo, 1957
óleo sobre tela, 176,2x136,5 cm
(colecção particular)


Leituras: Tonino Guerra a partir dos livros "O livro das igrejas
abandonadas" e "Histórias para uma noite de calmaria" Edição Assírio e Alvim

- O pequeno-almoço
- O sino
- O bico
- As folhas da cerejeira
- O cemitério das cruzes ferrugentas
- Schiu!
- O jardim das freiras
- A cerejeira em flor
- O despertador
- Nuvem de pó

domingo, março 05, 2006

A Camaleão apresenta:


DE MAR A MAR, HÁ IR E PROVAR
Sabes que muitos dos alimentos que tu comes vieram de terras distantes por
mar?
Donde vem o côco e a canela?
E o milho e o açúcar?
Mexer tudo na panela.....
E depois saborear!




No jardim estará um marinheiro para te levar ao fim do mundo!
Vão bucar a mandioca e a tapioca
a banana e o maracujá
E, logo a seguir, dentro da tenda, o cozinheiro te ajudará
a fazer um bolo já.

O açucar vem de um caule e o côco da semente
A mandioca do rizoma e a banana é um fruto!

A Botânica, as Plantas da nossa alimentação,
os Descobrimentos e os territórios de além mar,
Um jogo , num Jardim!

Venham!
Boa viagem, bons sabores!!

[no Jardim Botânico de Coimbra]
Horários: 2ª a 6ª às 10h00, 11h30 e 15h00, sábados às 15h00,
até dia 11 de Março com entrada livre
Marcações: Gabinete do Jardim, telef: 239 855233/Fax: 239 855211

sábado, março 04, 2006

Bis

"Después de un tiempo,
uno aprende la sutil diferencia
entre sostener una mano y encadenar un alma,
y uno aprende que el amor no significa acostarse
y una compañía no significa seguridad,
y uno empieza a aprender...

Que los besos no son contratos
y los regalos no son promesas,
y uno empieza a aceptar sus derrotas
con la cabeza alta y los ojos abiertos,
y uno aprende a construir todos sus caminos en el hoy,
porque el terreno de mañana es demasiado inseguro para planes...
y los futuros tienen una forma de caerse en la mitad.



Y después de un tiempo uno aprende que si es demasiado,
hasta el calor del sol quema.

Así que uno planta su propio jardín y decora su propia alma,
en lugar de esperar a que alguien le traiga flores.

Y uno aprende que realmente puede aguantar,
que uno realmente es fuerte,
que uno realmente vale,
y uno! aprende y aprende... y con cada día uno aprende.

Con el tiempo aprendes que estar con alguien porque te ofrece un
buen futuro significa que tarde o temprano querrás volver a tu pasado.

Con el tiempo comprendes que sólo quien es capaz de amarte con
tus defectos, sin pretender cambiarte, puede brindarte toda la felicidad
que deseas.

Con el tiempo te das cuenta de que si estás al lado de esa persona
sólo por acompañar tu soledad, irremediablemente acabarás no deseando
volver a verla.

Con el tiempo entiendes que los verdadero amigos son contados,
y que el que no lucha por ellos tarde o temprano se verá rodeado sólo de
amistades falsas.

Con el tiempo aprendes que las palabras dichas en un momento de ira
pueden seguir lastimando a quien heriste, durante toda la vida.
Con el tiempo aprendes que disculpar cualquiera lo hace,
pero perdonar es sólo de almas grandes.

Con el tiempo comprendes que si has herido a un amigo duramente,
muy probablemente la amistad jamás volverá a ser igual.

Con el tiempo te das cuenta que aunque seas feliz con tus amigos,
algún día llorarás por aquellos que dejaste ir.

Con el tiempo te das cuenta de que cada experiencia vivida con cada
persona es irrepetible.

Con el tiempo te das cuenta de que el que humilla o desprecia a un ser
humano,
tarde o temprano sufrirá las mismas humillaciones o desprecios
multiplicados al cuadrado.

Con el tiempo aprendes a construir todos tus caminos en el hoy,

porque el terreno del mañana es demasiado incierto para hacer planes.

Con el tiempo comprendes que apresurar las cosas o forzarlas a que pasen

ocasionará que al final no sean como esperabas.

Con el tiempo te das cuenta de que en realidad lo mejor no era el
futuro,
sino el momento que estabas viviendo justo en ese instante.

Con el tiempo verás que aunque seas feliz con los que están a tu lado,

añorarás terriblemente a los que ayer estaban contigo y ahora se han
marchado.

Con el tiempo aprenderás

que, intentar perdonar o pedir perdón,
decir que amas,
decir que extrañas,
decir que necesitas,
decir que quieres ser amigo,
ante una tumba, ya no tiene ningún sentido.

Con el tiempo uno Aprende
Pero desafortunadamente, solo con el tiempo..."

Poema "Aprendiendo" de Jorge Luis Borges
e
Imagem "Seduzir" de Helena Almeida

quarta-feira, março 01, 2006

Sexta de Contos António Fontinha


Esta Sexta abre-se mais uma vez esta porta à narração.
O António vai abrir aqueles braços compridos que tem
e lá vai nascer uma espécie de abraço encantatório
e para outros caminhos seremos roubados...
E quem isto ouvir e contar...
em pedra se há-de transformar.



Contos de Medo?
Adivinhas?
Contos muito antigos?
Contos do nascer da terra?
Ou contos que nascem dentro da voz do narrador a cada dia?

Apareça por cá às 21h30.