sábado, março 26, 2005

Feliz aquele que administra sabiamente a tristeza e aprende a reparti-la pelos dias

A mão no arado

Feliz aquele que administra sabiamente

a tristeza e aprende a reparti-la pelos dias

Podem passar os meses e os anos nunca lhe faltará

Oh! como é triste envelhecer à porta

entretecer nas mãos um coração tardio

Oh! como é triste arriscar em humanos regressos

o equilíbrio azul das extremas manhãs do verão

ao longo do mar transbordante de nós

no demorado adeus da nossa condição

É triste no jardim a solidão do sol

vê-lo desde o rumor e as casas da cidade

até uma vaga promessa de rio

e a pequenina vida que se concede às unhas

Mais triste é termos de nascer e morrer

e haver árvores ao fim da rua

É triste ir pela vida como quem

regressa e entrar humildemente por engano pela morte dentro

É triste no outono concluir

que era o verão a única estação

Passou o solitário vento e não o conhecemos

e não soubemos ir até ao fundo da verdura

como rios que sabem onde encontrar o mar

e com que pontes com que ruas com que gentes com que montes conviver

através de palavras de uma água para sempre dita

Mas o mais triste é recordar os gestos de amanhã

Triste é comprar castanhas depois da tourada

entre o fumo e o domingo na tarde de novembro

e ter como futuro o asfalto e muita gente

e atrás a vida sem nenhuma infância

revendo tuido isto algum tempo depois

A tarde morre pelos dias fora

É muito triste andar por entre Deus ausente

Mas, ó poeta, administra a tristeza sabiamente.


Ruy Belo

Sancha e os seus casos de amor à palavra

Um dia entrou-nos casa a dentro uma Mulher com os olhos cheios de poesia e uma braçada de objectos raros.

Ora espreitem:

Aqui nas nossas estantes ou em http://www.criarte.pt/.
Também tem um blog (http://criar-te.blogspot.com/) e observa-nos sempre desde longe, da cidade em que habita. Sim, porque a cidade que a habita é outra distinta daquela.

No que faz nota-se-lhe a alma.




"no dia que fiquei cego
decidi ser fotógrafo"

Al Berto.




"no teu amor por mim
há uma rua que começa"

de Ruy Belo
com fotografia de Duarte Belo

Para melhor contar quem melhor participa

Copio o post da Mais Luminosa Diva:



"Dom Quixote de La Mancha
Em 1604, em Valladolid, foi publicada a obra Dom Quixote de La Mancha, escrita por Miguel de Cervantes y Saavedra (1547-1616). Em 1605, o livro foi publicado em Madrid e, nesse mesmo ano, o Santo Ofício autorizou a publicação da obra em Portugal. Cervantes nunca conheceu a fortuna mas ainda conheceu a fama, isto é, o prazer de encontrar um desconhecido que se emociona por o conhecer.

Para celebrar os 400 anos da publicação desta obra, a Academia Castellana y Leonesa de la Poesía, representada por Andrés Quintanilla Buey, Aracelli Saguillo, Jose Antonio Vale Alonso e Armand Mandrique Legido, estão por terras lusas. A relação de proximidade que existe há muitos anos entre esta Academia e o Grupo Poético de Aveiro fizeram com que ontem eu os pudesse ver e ouvir na livraria O Navio de Espelhos. Declamaram poemas inspirados em Dom Quixote. Muitos desses poemas eram da sua autoria uma vez que os quatro são Poetas, e jornalistas e actores... e ternos e curiosos e apaixonados pelo seu projecto. Deixo-vos esta nota porque hoje, sábado, eles ainda vão estar por aqui. Às 15:00 no Museu Marítimo de Ilhavo."

em http://divasecontrabaixos.blogspot.com/,
lugar que vale a pena visitar várias vezes ao dia.

sexta-feira, março 25, 2005

Palavras que apetece comer




Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.


Alexandre O'Neill



Ao longo da muralha que habitamos
Há palavras de vida há palavras de morte
Há palavras imensas,que esperam por nós
E outras frágeis,que deixaram de esperar
Há palavras acesas como barcos
E há palavras homens,palavras que guardam
O seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras,surdamente,
As mãos e as paredes de Elsenor

E há palavras e nocturnas palavras gemidos
Palavras que nos sobem ilegíveis À boca
Palavras diamantes palavras nunca escritas
Palavras impossíveis de escrever
Por não termos connosco cordas de violinos
Nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
E os braços dos amantes escrevem muito alto
Muito além da azul onde oxidados morrem
Palavras maternais só sombra só soluço
Só espasmos só amor só solidão desfeita

Entre nós e as palavras, os emparedados
E entre nós e as palavras, o nosso dever falar.


Mário Cesariny de Vasconcelos

Há dias em que, sem porquê, nos apetece lembrar os mimos


fotografia de Rui Araújo (Periférica)

NAVIO DE ESPELHOS. Logo à noite, nasce oficialmente em Aveiro a livraria com o nome mais bonito do mundo: «O Navio de Espelhos». Os mais atentos repararão que se trata de um título roubado a Mário Cesariny. É verdade, sim senhor. Se não roubarmos a beleza aos poetas, a quem é que a roubaremos?Sobre a livraria, falarei quando a vir (e não pode ser hoje, para grande pena minha). Lá iremos um dia destes, para depois vos darmos conta aqui. Entretanto, fiquem com a morada: Rua 31 de Janeiro, n.º 8-D e 10. Entrem, vejam, comprem.
Tenho a certeza que não se vão arrepender.
posted by José Mário at 15:10

saído do Blog de esquerda
em http://bde.weblog.com.pt/

Começaram por ir buscar o nome a um poema de Mário Cesariny: O Navio de
Espelhos. Lembram-se? É aquele que começa assim:

O navio de espelhos
não navega cavalga

Seu mar é a floresta
que lhe serve de nível

Ao crepúsculo espelha
sol e lua nos flancos

Por isso o tempo gosta
de deitar-se com ele

Está no livro «A Cidade Queimada». E é uma imagem de força e de génio: um navio
de espelhos, cavalgando mares imaginários numa «rota clara», com o porão cheio
de «vozes e ar pesado».
À sombra desta imagem, a Sónia e o Jorge construiram, mais do que uma livraria,
uma ideia de livraria. Um espaço onde os livros respiram. Onde não se encontram
os best-sellers do costume, nem literatura light, e a mesa dos destaques está cheia de livros da Antígona, poesia, ensaios de George Steiner ou Walter Benjamin. Ali os livros compram-se, não se vendem.
Depois há os pormenores. As estantes de madeira escura, elegantes e espaçosas, onde os livros nunca se atropelam. A casa-de-banho para as crianças, pintada como uma fábula. As fotografias do Cesariny, espalhadas por todo o lado. O recanto onde se fazem leituras, sessões de vídeo, concertos, debates ou apresentações. Uma área musical . Com discos escolhidos a dedo, sobretudo jazz e o melhor da MPB e outra reservada ao Bookcrossing.
Mas o que torna única esta livraria é o factor humano. É a paixão que se pressente no olhar da Sónia e do Jorge, artífices de um sonho feito de letras e páginas de papel e lombadas e conversas sobre o que os livros trazem lá dentro,
«do princípio do mundo/ até ao fim do mundo».

saído do Blog de esquerda
em http://bde.weblog.com.pt/


POEMAS A BORDO. Já aqui falámos (e ainda havemos de falar melhor) de uma nova livraria de Aveiro, chamada «O Navio de Espelhos» - um título "roubado" a um dos mais belos poemas de Cesariny. Hoje à noite, pelas 21h30, a Sónia e o Jorge, audazes arquitectos desta ideia, organizam uma leitura de poesia, levada a cabo pelo Grupo Poético de Aveiro. Se estiverem por perto, não se esqueçam. A bela casa dos livros fica na Rua 31 de Janeiro, n.º 8-D e 10.

saído do Blog de esquerda
em http://bde.weblog.com.pt/


Surpresas!
Passeio casual pela cidade de Aveiro. Mente desligada, não espectante. Eis, senão quando, um qualquer instinto antigo, me atraiu para O Navio de Espelhos, uma livraria ao lado do Teatro Aveirense.
Boa surpresa! Um espaço limpo, novo, com livros a pedir para serem explorados.Uma exposição de fotografia de Duarte Belo, cartazes anunciando um Workshop de BD ao qual cheguei tarde demais, ministrado por Marcos Farrajota. Sofás onde qualquer um se poderá sentar a ler algo ou apenas a recuperar o fôlego. Gente nova atrás do balcão que não tinham aquela expressão de "sim, estou por aqui, mas pede-me pouco. Isto não é meu, não me interessa". Ao invés, perante uma pergunta, convidavam a entrar na tribo, a tomar um café, a voltar amanhã.
No balcão, um panfleto de distribuição que trouxe para casa, onde se lê o seguinte e que sumariza bem aquilo que senti quando lá entrei:

A livraria «O Navio de Espelhos» fica na Rua 31 de Janeiro, n.º 8 (colada ao
Teatro Aveirense) e está aberta de terça a domingo, das 10 às 24 horas qualquer pretexto servirá.
Pode aparecer por cá para beber um chá. Pode lançar-se como um vento sobre a terra ou encostar-se ao balcão para segredar poemas. Pode tentar a sorte na aventura da caneta em riste sobre a folha branca. Ou simplesmente atravessar as portas e deixar-se estar, a respirar o cheiro a livros e a ouvir segredos de estante..."
Hoje volto lá. É daqueles sítios que não dá vontade de contar a ninguém que existe. Transformá-lo num segredo. Vai haver uma leitura de poemas de Al Berto.
Conheço só um bocadinho, amanhã talvez conheça mais.
.....LC

saído do blog Bloquito
em http://bloquito.blogs.sapo.pt

Os livros são os meus olhos mágicos

Há muito, muito tempo, vivia na Índia antiga um rapaz chamado Kapil. Além de gostar muito de ler, era extremamente curioso. Tinha a cabeça cheia de perguntas. Por que motivo o Sol era redondo e por que mudava a Lua de forma? Por que cresciam tanto as árvores? E por que razão as estrelas não caíam do céu?

Kapil procurava as respostas em livros de folha de palmeira escritos por homens sábios. E lia todos os livros que encontrava.

Ora, um dia, estava Kapil ocupado a ler quando a mãe lhe deu um embrulho e disse: «Arruma o livro e leva esta comida ao teu pai. Já deve estar cheio de fome.»

Kapil levantou-se com o livro na mão e fez-se ao caminho. Enquanto percorria o duro e acidentado trilho que atravessava a floresta, não parava de ler. De súbito, o seu pé bateu numa pedra. Tropeçou e caiu. E logo um dedo começou a sangrar. Kapil ergueu-se do chão e continuou a caminhar e a ler, com os olhos colados ao livro. Não tardou a bater noutra pedra e, uma vez mais, estatelou-se. Desta feita doeu-lhe mais, mas o texto escrito em folha de palmeira fê-lo esquecer as feridas.

De repente, um clarão surgiu e ouviu-se um riso melodioso. Kapil levantou os olhos e deparou com uma formosa senhora, vestindo um sari branco. Ela sorria e uma auréola de luz rodeava-lhe a cabeça. Estava sentada num cisne branco e gracioso. Numa das mãos trazia um luminoso rolo de pergaminho. Com outras duas segurava um instrumento de cordas chamado veena. Estendeu a quarta mão para o rapaz e disse: «Meu filho, estou impressionada com a tua sede de conhecimento. Quero dar-te uma recompensa. Qual é o teu maior desejo?»

Kapil pestanejou de espanto. Diante dele encontrava-se Saraswati, a Deusa do estudo. No instante seguinte, o rapaz cruzou as mãos, fez uma vénia e murmurou: «Por favor, Deusa, dá-me um segundo par de olhos para os pés, a fim de que eu possa ler enquanto caminho.»

«Assim seja» – e a Deusa abençoou-o. Tocou na cabeça de Kapil e a seguir desapareceu entre as nuvens.

Kapil olhou para baixo. Um segundo par de olhos brilhava-lhe nos pés e ele deu um salto de alegria. Logo a seguir, fixou os olhos no livro e desatou a caminhar pela floresta, apenas conduzido pelos seus pés.

Graças ao amor pelos livros, Kapil cresceu e tornou-se um dos sábios mais ilustres da Índia. Em toda a parte era conhecido pela sua imensa sabedoria. Também lhe puseram outro nome, Chakshupad, que em sânscrito significa «aquele cujos pés têm olhos».


Saraswati é a deusa do estudo e do saber, da música e da fala.

Esta é uma antiga lenda indiana sobre um rapaz que descobriu como o saber é transmitido pelas palavras, essas palavras que os homens sábios escreviam em manuscritos de folhas de palmeira.

Os livros são os nossos olhos mágicos. Dão-nos informação e conhecimentos e servem-nos de guias nos difíceis e acidentados caminhos da vida.

MANORAMA JAFA (tradução: José António Gomes)


MANORAMA JAFA é escritora e membro destacado da Secção Indiana do International Board on Books for Young People. Preside à fundação Khaas Kitaab, que edita livros especiais, designadamente para crianças com dificuldades. Estes livros abordam valores universais e temas como a paz e a não-violência. Conselheira editorial, é uma autoridade internacional no domínio do livro infantil. Dirige também o projecto de formação da associação de autores e ilustradores para crianças (AWIC). Sob a sua orientação, este projecto realizou livros em oito línguas faladas na Índia (Hindi, Urdu, Bengali, Oriya, Tamil, Telegu, Gujarati e Inglês) que foram distribuídos a numerosas crianças indigentes por todo o país. Publicou, entre outros livros infantis, Histórias de Jatak, Um Burro na Ponte, Relógios Biológicos, Chetak e Pratap, Chinu Minu e Gogo, A Senhora Billo e Viagem de Balão


[Mensagem do 2 de Abril de 2005, Dia Internacional do Livro Infantil]

O Navio de Espelhos e as 24 horas Surrealistas (um caso de amor)

Da imensa ternura

José Carlos Tinoco

António Poppe

É o segundo ano que o Alberto Serra inunda Santo Tirso de poesia.
Na Tasca, na esquadra da polícia, nas pastelarias, no mercado, na barbearia, à entrada do turno das 06h na fábrica têxtil...
Durante 24h vivemos embriagados de palavra.
A Palavra à solta nestes dias
"tapetes de musgo onde apetece rebolar até ao infinito"
Dias em que quase pode ser possível acreditar que se pode dizer ao Infinito: Entra!
Dias em que se pudéssemos enlouqueciamos.

As 24 horas surrealistas de 2005 foram:

Ana Luísa Amaral, Jorge Velhote, Francisco Guedes, Francisco Madeira Luís, João Regala e Nuno, António Fontinha, António Poppe, Glória de Sousa, José Craveiro (que não trouxe pasteis de Tentugal), Joaninha(e as palavras da tecelã Marina Colassanti) Susana Menezes, Bernardo Pinto de Almeida, Sindicato de Poesia de Braga, Musa ao Espelho, Engenheiro Castro Fernandes, Juca Rocha, Fátima, José Carlos Tinoco, Manuel António Pina, Rosa Alice Branco, Albano Martins, Germano Silva, Álvaro Magalhães, Jaime Rocha, Neusa, Rui, Dr. Guerra, Artur do Cruzeiro Seixas, Rui Mário Gonçalves

e

Alberto Serra.

Foram tudo e não foram nada. Contaminaram por dentro e descontaminaram por fora.
Foram quase uma chávena com a asa ao contrário e tudo fora da chávena.
Foram A Criação do Homem e capacidade de tecer e destecer o quotidiano.
Foram esse abraço que o António Fontinha e o António Poppe deram no degrau da lareira.
Foram um amor louco.
Foram uma espécie de doença que se nos colou à pele e nos gravou nos dentes o verbo amar.


Porque "Feliz aquele que adiministra a beleza sabiamente"

Descubrir o que é, finalmente, um abraço

Ou a sorte desta Livraria estar encostada a um Teatro.



Les Porteuses de Mauvaises Nouvelles
Quinta, 24 de Março
21:30
Teatro Aveirense


LES PORTEUSES DE MAUVAISES NOUVELLES (As portadoras de más notícias), estreada em 1989, foi a segunda peça coreografada por Wim Vandekeybus, sendo apresentada cerca de 106 vezes mas nunca em Portugal. Ganhou os prémios Bessie Award, em Nova Iorque, o London Dance and Performance Award, em Londres. Em 2004, o internacionalmente aclamado coreógrafo desloca-se ao nosso país para recriar e apresentar esta peça com a Companhia Instável 2004.

"The name Ultima Vez, under the direction of Wim Vanderkeybus, has always stood for vibrant colour, unashamed drama and a movement language which never fails to thrill." DANCE EUROPE

The artistic leader of Ultima Vez, Wim Vanderkeybus, is a director, choreographer, actor and photographer. After working with Jan Fabre he created his own working structures, Ultima Vez, a company of a dozen young artists and actors, and several artistic, technical and administrative collaborators. In 1988, Wim Vanderkeybus received a New York Bessie Award for his production, which was credited 'a brutal confrontation of dance and music: the dangerous, combative landscape. From then on, Wim Vanderkeybus continued to win big prizes on international stages either for his choreography or his film works. Ultima Vez is currently an artist-in-residence at the Royal Flemish Theatre, Brussels, an organization supported by the Flemish Community and the National Lottery, and honorably serves as the 'Cultural Ambassador of Flanders.'

terça-feira, março 22, 2005

Carta Aberta a Paulo Jorge Cravo

Carta Aberta a Paulo Jorge Cravo
(resposta a comentário deixado no post anterior)

Exmo. Sr.

Queixa-se o senhor, e com razão, de alguns factos ocorridos pelas 17h15 do dia 19 de Março de 2005. Diz o senhor ter sido mal atendido por um miúdo que se encontrava atrás do balcão, miúdo esse que deu mais atenção à internet que a si, miúdo esse que não lhe retorquiu o “boa tarde”, miúdo esse que não só lhe fez um embrulho que se auto-descolou ao fim de alguns segundos e teve ainda o desplante de não apagar o preço do livro, miúdo esse que sou eu.

Começo por pedir-lhe sinceras desculpas. Se foi inicialmente cliente d’O Navio de Espelhos terá certamente sido atendido por mim diversas vezes e creio que nenhum motivo de queixa me poderá apontar.

Quanto ao comportamento desastrado do dia que refere, algumas atenuantes existem mas não existem em número suficiente para fazer com a minha vergonha o que eu não fiz com o preço. Uma das atenuantes será, por exemplo o facto de que à hora que o atendi me encontrar àquele balcão ininterruptamente desde as dez horas da manhã. Mas não vou aqui deixar uma ladainha de lamentos. Espero que acredite na honestidade das minhas desculpas e que me permita em breve melhorar a imagem com que ficou de mim.

Bem sei que a um livreiro, tal como a um cirurgião não se permitem dias maus. Mas eu tenho os meus.

Quanto à questão do pedido de socorro que lhe chegou e que fez circular, deixe-me dizer-lhe que não é nem da minha autoria nem da de ninguém que pertença ao núcleo interno da livraria. Se algum dia julgarmos necessário produzir uma mensagem daquele teor iremos publicá-la nos meios adequados, assiná-la por baixo e nunca nos ouvirá tecer queixas da cidade que habitámos e na qual fizemos questão de abrir esta livraria.

Dois comentários finais que se prendem com o meu direito à indignação mesmo quando a razão está do seu lado. O termo “miúdo” usado de forma pejorativa era de todo dispensável. Garanto-lhe que os anos de vida que levo me deram formação profissional e humana mais que suficiente para estar atrás do balcão de uma livraria. O outro comentário foi “salvem-se a vocês mesmos”. Mesmo descontando o engano de julgar de nossa autoria o e-mail que recebeu e fez circular, deixe-me dizer-lhe que se estiver minimamente atento ao funcionamento da livraria, quer na parte comercial, quer na parte da oferta de actividades nem o modo infeliz como que o atendi lhe permite, por um momento que seja, duvidar do muito trabalho que eu e os meus colegas desenvolvemos.

Reitero o meu pedido de desculpas.

Atenciosamente,
Jorge Pedro Ferreira

P.S.: A homepage da livraria está em www.onaviodeespelhos.com, ai encontrará não só as nossas actividades como também os contactos necessários para chegar até nós. Deixo-he ainda o meu e-mail pessoal, jorge@onaviodeespelhos.com.

sábado, março 12, 2005

em directo



Lançamento do Livro “ Dez Reis de Gente … e de Livros: notas sobre literatura infantil” de Sara Reis da Silva, editora Caminho, com apresentação de José António Gomes.

quarta-feira, março 09, 2005

Anúncio do Calendário das Derivas que se anunciam no futuro

DERIVAS

Conferências do Departamento de Línguas e Culturas
da Universidade de Aveiro

11 de Março 2005, 14.30hJosé Maria da Silva Lopes
Tendências e tipologias da representação do sexo na arte ocidental

15 de Abril 2005, 14.30h
Teolinda Gersão
O mito de ondina

6 de Maio 2005, 14.30h
Frederico Lourenço
Violência para-sexual na Ilíada

3 de Junho 2005, 14.30h
Clara Rocha

Derivas desta semana:


Dia 11 de Março - 14h30

Departamento de Línguas e Culturas (2.0.3)

Conferência «Tendências e tipologias da representação do sexo na arte ocidental»
Conferência apresentada por José Maria da Silva Lopes, da Universidade do Porto e organizada no âmbito do Ciclo de Conferências DERIVAS promovido pelo Departamento de Línguas e Cultura da Universidade de Aveiro.

Com esta iniciativa, o Departamento de Línguas e Culturas pretende abrir-se à comunidade. "As conferências são públicas e poderão funcionar como um meio de aproximação entre o Departamento e a cidade", refere o docente da UA, António Manuel Ferreira.

Contando com a colaboração da nossa Livraria, procurar-se-á trazer à Universidade de Aveiro artistas, cientistas e intelectuais de variadas proveniências. Da confluência das diferentes derivas nascerá, assim, um espaço de aprendizagens diversificadas.

domingo, março 06, 2005

Bons instantes

Este Sábado, 5 de Março aconteceu aqui:

Apresentação do livro Balada Solitária de Fran Alonso e Renato Roque,
das edições Eterogémeas.
Projecção com fotografia de Renato Roque,
música de João Lóio e leitura poética por Regina Castro.



João Loio

Renato Roque


Fran Alonso

Entre tódalas cidades prefiro
as que dormen sobre o mar
ou aquelas que se erguen na area
do deserto.
As primeiras están habitadas
por sardiñas de prata,
e as segundas por
dátiles de luz.
[Fran Alonso, Cidades, Edicións Xerais de Galicia, Vigo 1997]


Luís Mendonça, o editor

Calendário de Narração

Sempre debaixo da Lua a palavra soprada para os nossos olhos, para os nossos ouvidos, para o nosso coração...
Nas primeiras Sextas Feiras de cada mês o lugar dos contos é a livraria:


8 de Abril Jorge Serafim(Beja)

6 de Maio Helena Faria (Coimbra)

3 de Junho
Carles García Domingo (Valencia-España)

7 de Outubro Cristina Taquelim (Beja)


sempre às 21:30h
Livraria O Navio de Espelhos
Rua 31 de Janeiro nº10
(junto ao Teatro Aveirense)

A Velhíssima Arte de Contar Contando



Como já vem sendo habitual, a palavra narrada fez-se livraria.
Esta Sexta visitou-nos a Tixa, uma narradora do Algarve.
Sobre o que aqui se passou não sobram muitas palavras, foi um daqueles momentos especiais e irrepetíveis.
Tixa (Patrícia Amaral) é um caso muito raro.
Tem um reportório imenso e uma extrema sensualidade na palavra.

Deixou-nos um recado no livro de visitas:

"Aveiro 4 de Março de 2005

Rapaziada das àguas espelhadas,
obrigada por me mostrarem mais um cantinho de magia, desses que existem espalhados pelo mundo, para nos fazer lembrar...
Sónia, amiga, obrigada por teres contribuído com mais um lanço de estrada para o meu caminho. Voz doce e olhos brilhantes de sonho e entusiasmo, que todas as estrelas guiem os teus navios!
Muitas beijocas, muitos abraços apertados e muita, muita amizade!
Também eu, agora, passarei a levantar o estandarte da Navio de Espelhos.

Tixa"

Tixa, para quem contar uma história é dar corpo e voz a uma alma universal, onde contadores e ouvintes se encontram...