
fotografia de Rui Araújo (Periférica)
NAVIO DE ESPELHOS. Logo à noite, nasce oficialmente em Aveiro a livraria com o nome mais bonito do mundo: «O Navio de Espelhos». Os mais atentos repararão que se trata de um título roubado a Mário Cesariny.
É verdade, sim senhor. Se não roubarmos a beleza aos poetas, a quem é que a roubaremos?Sobre a livraria, falarei quando a vir (e não pode ser hoje, para grande pena minha). Lá iremos um dia destes, para depois vos darmos conta aqui. Entretanto, fiquem com a morada: Rua 31 de Janeiro, n.º 8-D e 10. Entrem, vejam, comprem.
Tenho a certeza que não se vão arrepender.
posted by José Mário at 15:10
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Começaram por ir buscar o nome a um poema de Mário Cesariny: O Navio de
Espelhos. Lembram-se? É aquele que começa assim:
O navio de espelhos
não navega cavalga
Seu mar é a floresta
que lhe serve de nível
Ao crepúsculo espelha
sol e lua nos flancos
Por isso o tempo gosta
de deitar-se com ele
Está no livro «A Cidade Queimada». E é uma imagem de força e de génio: um navio
de espelhos, cavalgando mares imaginários numa «rota clara», com o porão cheio
de «vozes e ar pesado».
À sombra desta imagem, a Sónia e o Jorge construiram, mais do que uma livraria,
uma ideia de livraria. Um espaço onde os livros respiram. Onde não se encontram
os best-sellers do costume, nem literatura light, e a mesa dos destaques está cheia de livros da Antígona, poesia, ensaios de George Steiner ou Walter Benjamin. Ali os livros compram-se, não se vendem.
Depois há os pormenores. As estantes de madeira escura, elegantes e espaçosas, onde os livros nunca se atropelam. A casa-de-banho para as crianças, pintada como uma fábula. As fotografias do Cesariny, espalhadas por todo o lado. O recanto onde se fazem leituras, sessões de vídeo, concertos, debates ou apresentações. Uma área musical . Com discos escolhidos a dedo, sobretudo jazz e o melhor da MPB e outra reservada ao Bookcrossing.
Mas o que torna única esta livraria é o factor humano. É a paixão que se pressente no olhar da Sónia e do Jorge, artífices de um sonho feito de letras e páginas de papel e lombadas e conversas sobre o que os livros trazem lá dentro,
«do princípio do mundo/ até ao fim do mundo».
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POEMAS A BORDO. Já aqui falámos (e ainda havemos de falar melhor) de uma nova livraria de Aveiro, chamada «O Navio de Espelhos» - um título "roubado" a um dos mais belos poemas de Cesariny. Hoje à noite, pelas 21h30, a Sónia e o Jorge, audazes arquitectos desta ideia, organizam uma leitura de poesia, levada a cabo pelo Grupo Poético de Aveiro. Se estiverem por perto, não se esqueçam. A bela casa dos livros fica na Rua 31 de Janeiro, n.º 8-D e 10.
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Surpresas!
Passeio casual pela cidade de Aveiro. Mente desligada, não espectante. Eis, senão quando, um qualquer instinto antigo, me atraiu para O Navio de Espelhos, uma livraria ao lado do Teatro Aveirense.
Boa surpresa! Um espaço limpo, novo, com livros a pedir para serem explorados.Uma exposição de fotografia de Duarte Belo, cartazes anunciando um Workshop de BD ao qual cheguei tarde demais, ministrado por Marcos Farrajota. Sofás onde qualquer um se poderá sentar a ler algo ou apenas a recuperar o fôlego. Gente nova atrás do balcão que não tinham aquela expressão de "sim, estou por aqui, mas pede-me pouco. Isto não é meu, não me interessa". Ao invés, perante uma pergunta, convidavam a entrar na tribo, a tomar um café, a voltar amanhã.
No balcão, um panfleto de distribuição que trouxe para casa, onde se lê o seguinte e que sumariza bem aquilo que senti quando lá entrei:
A livraria «O Navio de Espelhos» fica na Rua 31 de Janeiro, n.º 8 (colada ao
Teatro Aveirense) e está aberta de terça a domingo, das 10 às 24 horas qualquer pretexto servirá.
Pode aparecer por cá para beber um chá. Pode lançar-se como um vento sobre a terra ou encostar-se ao balcão para segredar poemas. Pode tentar a sorte na aventura da caneta em riste sobre a folha branca. Ou simplesmente atravessar as portas e deixar-se estar, a respirar o cheiro a livros e a ouvir segredos de estante..."
Hoje volto lá. É daqueles sítios que não dá vontade de contar a ninguém que existe. Transformá-lo num segredo. Vai haver uma leitura de poemas de Al Berto.
Conheço só um bocadinho, amanhã talvez conheça mais.
.....LC
saído do blog Bloquito em http://bloquito.blogs.sapo.pt