"ambos tinham nomes de mensageiro e olhos muito azuis, ambos procuravam qualquer coisa, tinha o pressentimento de que procuravam o mesmo, de que ela estivera muito próximo"
Entrevista de Alexandra Lucas Coelho
Olhem-na, deitada na relva, com o seu leve vestido de florzinhas. “És uma mistura de mulher, bicho e nevoeiro”, disseram-lhe um dia. Ana Teresa Pereira achou que fazia sentido: para si própria e para a sua ideia de Deus – logo, para a personagem Tom, o que tem “O Rosto de Deus” neste seu 15.º livro. Olhem-na e acreditem que ela chegou assim aos 41 anos: a acreditar que o acaso não existe, que há fadas e bruxas, e que umas são as outras, como um vampiro-narciso. Quem é o vampiro? Primeiro, ela. O livro, enfim. Tira o sangue dos outros, mas acha que ninguém perdeu tanto sangue como ela, ao escrever. As personagens passam-lhe de história para história com os mesmos nomes, Tom, Patrícia, Marisa, Paulo, quatro que são dois que são um, que se amam como esfomeados e se matam sem saber porquê. Entre sol e lua, mar e terra, flores, pedras. Bichos. Quadros, filmes, livros.
Pequena biografia corrente da ficcionista: nasceu no Funchal, onde continua a viver, numa pequena casa velha a caminho do monte, com um pequeno jardim (“não propriamente a dos meus livros”); é filha de um médico; tem um meio-irmão dez anos mais velho; tirou um curso de guia-intérprete em que estudou botânica (nota-se, nos livros); aos 25 anos quis “uma mudança”, deixou de passear turistas na Madeira e aterrou em Filosofia, na Faculdade de Letras de Lisboa; como só gostava mesmo de Psicanálise, no fim do segundo ano mandou o curso “à fava”; voltou para o Funchal, decidida a escrever; estreou-se com “Matar a Imagem”, Prémio Caminho de Literatura Policial, em 1989, e continuou, dissolvendo os géneros (policial? fantástico?) num universo só seu.
Tem liberdade económica para não precisar de um emprego. Tem um cão. Gatos, já não: “os vizinhos mataram-mos”. Garante que nunca se vai casar e que nunca vai ter filhos.
Em “O Rosto de Deus” há uma filha que volta a um pai e um pai que volta para uma filha. Amam-se. Serão um só?
PÚBLICO – Há um pai nos seus livros que gosta imenso de policiais, de contos de fadas...
ANA TERESA PEREIRA – O meu pai acompanhou-me, foi quem me ensinou a ler, aos quatro ou cinco anos. Lembro-me dele ler “Os Cinco” comigo... era como se vivêssemos tudo aquilo em conjunto. Ensinou-me a não ter qualquer qualquer preconceito em relação a livros. Daí eu gostar de policiais, de westerns... Aliás um projecto que tenho é de escrever um western... já fiz um conto que saiu na revista “Bíblia”: o cavaleiro que chega à cidade, entre no bar, depois há a cantora cega... um pistoleiro sem memória e uma cantora cega... A relação com o meu pai era muitíssimo importante, passava sobretudo pelos livros e pelo cinema.
P. – Viam juntos os filmes dos seus livros, os Hitchcocks...?
R. – É algo que em mim é visceral. Não comecei a gostar de cinema aos 18 anos, com o Visconti e o Fellini... aos cinco ou seis anos adorava o Orson Welles. Víamos na televisão de Canárias, antes da portuguesa, esses primeiros filmes, o Hitchcock, o Nicholas Ray... De certa forma estava tudo no mesmo plano, as brincadeiras de criança, os livros, os filmes... não havia diferença.
P. – O outro mundo, quase mineral, botânico, as pedras, as flores... também veio do seu pai?
R. – Ele gostava de animais, sempre tive gatos... e um cão. Tenho um livro dedicado aos meus gatos.
P. – O penúltimo, “As Rosas Mortas”.
R. – E os outros são dedicados a um cão.
P. – O Charlie é um cão? Sempre pensei que era um homem.
R. – [risos] Não, um homem, não. O meu homem nestes últimos anos não merece uma dedicatória...
P. – E a sua relação com a sua mãe, como era?
R. – A minha mãe... Era uma pessoa totalmente diferente... a nossa ligação não passava pelos livros... tinha a ver com afectos mas não havia muita coisa em comum... aliás havia muito pouco em comum.
P. – As mães nos seus livros ou não existem, ou são distantes, como a mãe dela em “O Rosto de Deus”...
R. – Bem, aí a mãe está dividida em duas, a mulher vestida de negro em casa do pai... a mãe bruxa...e a mãe loura e fria, em casa dela. É como voltar aos contos de fadas, a mãe boa e a mãe má.
P. – Enquanto que a figura do pai é sempre forte, o pai amante...
R. – Sim.
P. – Como o Tom, na primeira história... aliás, há mesmo duas histórias?
R. – A ideia inicial era só uma novela, que era a segunda. Pensei que ia ser um livro muito pequeno, para outra colecção da Relógio d’Água que tem duas novelas do Henry James – eu queria estar junto com ele. Depois apareceu a segunda história, que no livro é a primeira.
P. – Porque é que apareceu?
R. – É algo que me está a acontecer e antes não, eu controlava muitíssimo bem... Ao começar o livro tinha tudo formado, escrito... no caso dos dois últimos aconteceram coisas estranhas... em “As Rosas Mortas” já tinha a segunda versão quando apareceu o prólogo... aquela mulher, com aquelas flores... foi até desagradável... mas aquilo impôs-se. Agora, a segunda história também surgiu sem ser chamada... tornava mais claros alguns elementos da segunda. São duas histórias, mas são uma só. Há aquela personagem...
P. – Tom , o que tem o rosto de Deus...
R. – No final da segunda história, a que apareceu primeiro, insinua-se que ele pode ter sido assassinado pelas duas mulheres..
P. – E o que é acontece?
R. – O que é acontece ao Tom? É aí que entra a primeira história, a de Perséfone contada de outra maneira: mostra que o que acontece ao Tom na segunda história é que ele volta para a primeira história, não morre, não há assassinato, chegou o Outono, a altura de ele ir embora e voltar para o encontro com a mulher da primeira história.
P. – Que é filha dele.
R. – Sim.
P. – E não tem nome. Creio que é a primeira vez que numa história sua isso acontece. Há claramente um momento em que o nome pode ser dito, quando ele lhe chama “Amor...” e ela pede: “Diz o meu nome...”. E só nos é dito que ele o diz baixinho mas não sabemos que nome é esse.
R. – Ela de certa forma é também as duas mulheres da segunda história.
P. – Patrícia e Marisa numa só.
R. – Se ela fosse nomeada ali, isso perder-se-ia... Os meus livros têm sempre poucas personagens... basicamente são quatro... que são dois... que são um.
P. – De onde vêm os nomes? São sempre os mesmos: Tom, Patrícia, Marisa, Paulo, Carla... Carla vem de Charlotte Brönté...
R. – Sim, na história das três irmãs... [“Ghost Stories”]. O Tom apareceu desde o primeiro livro, cheguei a pensar no Tom Ripley...
P. – Patrícia como a Highsmith...
R. – E o Tom como uma criatura da Patrícia... mas foi consciente na altura.
P. – E as personagens donde vêm?
R. – Bem, eu normalmente sou vampiresca, acho que tenho de o ser. E nunca o fui tanto como em “As Rosas Mortas”... o psiquiatra, o poeta, e algo da própria Marisa, bocados arrancados de outras pessoas.
P. – Pessoas que conheceu bem?
R. – Sim.
P. – E depois quando elas lêem os livros, essas que são as suas pessoas...
R. – Ou eram [risos].
P. – Isso é terrível... O que é que aconteceu? Leram os livros e...?
R. – Um deles leu o livro e disse que lhe tinha sido muito difícil. Mas esse nem era o mais vampirizado. Quanto ao que é o mais vampirizado, não faço ideia se leu o livro ou não. É uma pessoa com quem já não falo, portanto estava à vontade para usar todos os elementos.
P. – Podemos fazer isso às pessoas?
R. – Acho que não... [hesita], digamos que se tenho algo a dizer... não é para me defender, nem para me justificar, mas a principal vampirizada sou sempre eu. Porque, apesar de tudo o que fui buscar às pessoas, aquelas personagens são todas eu. Se fui buscar sangue a algumas pessoas, o sangue quase todo que está ali é meu. É isso. Esse livro foi muito doloroso.
P. – Tem um favorito?
R. – Tenho, o próximo. Aliás todos os outros já desapareceram.
P . - “As Rosas Mortas” é o seu único romance, digamos assim?
R. - . [Pausa] Havia uma pessoa que há muito me dizia para eu escrever um livro a sério com mais de 200 páginas e uma construção aparentemente mais elaborada... Eu acho que a construção de “O Rosto de Deus” é mais labiríntica que a de “As Rosas Mortas”... de qualquer forma um livro a sério seria isso, mais de 200 páginas... Quando estou mal-humorada penso que escrevi “As Rosas Mortas” para que essa pessoa não me aborrecesse mais! Tinha o seu livro a sério e acabou-se.
P. – Quando o terminou não sentiu que as suas personagens estavam acabadas?
R. – Não... embora naquele livro ninguém sobreviva... Mas penso que em “O Rosto de Deus” elas continuam a viver. Senão o livro é um fracasso completo... Os livros começam por ser visões... A primeira imagem de “O Rosto de Deus” foi a das gémeas a passarem uma pela outra, de noite...
P. - ... a tocarem as mãos...
R. - ...Sim...Posso ir buscar uma coisa? A Iris Murdoch... Acho que “O Rosto de Deus” é uma verdadeira declaração de amor a Iris Murdoch, mais ou menos na altura em que ela morreu. Não foi só a morte , no caso dela, de certa forma, até bem vinda... é que logo a seguir li o livro que o marido escreveu quando ela adoecia de Alzheimer... fiquei a saber mais coisas sobre ela mas infelizmente muito mais sobre ele... e se eu tinha alguma dúvida de que os escritores nunca devem casar, sobretudo uns com os outros...
Mas fui buscar a Iris Murdoch, a propósito da transição de “As Rosas Mortas” para “O Rosto de Deus”, porque alguém me disse uma vez: fazes-me lembrar a Iris Murdoch, que quando termina um livro dá uma volta ao jardim e começa outro!
P. – Essa frase também aparece em “O Rosto de Deus”... O Tom tem o rosto de Deus porque o rosto de Deus está em toda a parte ou em parte nenhuma? Nos seus livros, há referências à Bíblia, a São Paulo, ao Cântico dos Cânticos... a Deus concretamente, mas como algo demasiado íntimo. Acredita em Deus? Ou: em que Deus?
R. – Seria completamente megalómano mas... Deus interessa-me como personagem. Sinto que há um mundo invisível, que tudo está ligado, não acredito no acaso. Portanto, se não há acaso, há um escritor, ou um pintor. Há algo em “As Rosas Mortas” que gosto muito, uma frase que me disseram e que eu aproveitei: “tu és uma mistura de mulher, de bicho e de nevoeiro...” Quando ma disseram fez sentido em relação a mim, e depois em relação à personagem. A minha ideia de Deus é isso, a mistura de homem, bicho, nevoeiro.
P. – Portanto é o seu rosto.
R. – O meu rosto... Quando pensei no rosto do Tom era o de um actor, aliás era a minha primeira escolha para a capa, mas preferi que as pessoas o imaginassem. E prefiro não dizer quem é. É uma mistura de irlandês com nórdico. Inspirei-me no pouco que sei da história dele.
[num mundo escuro e aquático onde não havia mais ninguém]
P. – E de onde vem a sua mania dos gémeos?
R. – Bom, sou do signo Gémeos.
P. – Quando não há gémeos, as suas personagens inventam um irmão gémeo que morreu.
R. – A única explicação que encontro tem a ver com o meu próprio carácter. Sou uma pessoa muito dividida. Há uma história da Iris Murdoch com dois pássaros numa árvore: um deles está a comer o fruto e outro limita-se a olhá-lo.
P. – O que vive e o que observa o que está a ser vivido.
R. – E que é capaz de ser vampiro. E vampirizado... o verdadeiro vampiro é sempre o livro, não é? O livro é o vampiro.
P. – É o círculo perfeito.
R.- Quando acabei de escrever “O Rosto de Deus” estava completamente vazia, completamente deprimida. Aquela sensação de olhar para trás e pensar: para onde foram estes meses todos? De onde é que vieram estas quatro ou cinco rugas que não estavam aqui antes?
P. – E onde é que esteve durante...
R. – Onde é que eu estive...
P. – Fora da vida? É por isso que os escritores nunca devem casar?
R. – Se calhar devem...
P. – Nunca casou?
R. – Não.
P. – Nem teve filhos?
R. – Não.
P. – Nem quer ter?
R. – Não... Estava-me a lembrar outra vez da Iris Murdoch... porque é que ela casou... não queria ter filhos por causa dos livros, por outro lado teve relações amorosas com homens geniais, aquele homem um bocado Deus um bocado monstro, maior que a vida... foi amante do Canetti, possivelmente do Sartre, de um grande matemático... depois casou com um homem mais novo, que só lia os livros dela depois de estarem impressos... casou com ele pela mesma razão por que não queria ter filhos: nada que a desviasse dos livros.
P. – Porque é que a Sylvia Plath casou com o Ted Hughes?
R. – Resisti muito a ler o último livro dele [“Brithday Letters”], mas depois apaixonei-me completamente. Acho que me podia ter apaixonado por um homem daqueles. Mas só me casaria com ele se, de facto, me quisesse suicidar [risos]. Mas naquele casamento nem ela era um pobre anjo frágil nem ele era um monstro. À sua maneira eram dois monstros. Mas isso tem a ver com o meu novo livro...
P. – Como vai ser? Voltam o Tom, a Patrícia e a Marisa?
R. – Só o Tom e a Marisa, embora o Tom neste momento já esteja partido em três... tenho que arranjar pelo menos mais uma mulher. Mas tem a ver com o casamento da Iris Murdoch, da Sylvia Plath, o casamento entre escritores, entre pintores... geralmente há um que esmaga o outro.
P. – Temos a Vieira da Silva e o Arpad Szenes...
R. – Li uma entrevista com ela uma vez... contava como cada um trabalhava nos seus quadros, se encontravam ao fim da tarde e ouviam música, isto de facto...
P. – Não é possível?
R. – Penso que não... bem, no caso deles foi, mas...
P. – Há os casos terríveis, com o Rodin e a Camille Claudel.
R. – Geralmente é a mulher que se deixa magoar.
P. – O romance é sobre isso, a vida em comum de duas pessoas que criam.
R. – Sim, mas não há um que morre aos trinta anos. Será isso levado às últimas consequências, com os dois vivos.
P. – Uma Sylvia e um Ted.
R. – Mas em que ela não morresse.
P. – Como é que se vai chamar?
R.- Ainda posso mudar, mas, em princípio, “Quando Estávamos Vivos”. Começa pelo final, no dia 5 de Maio, que é o aniversário do tal actor de que falei e curiosamente é uma das datas possíveis para o fim do mundo.
P. – Porque é que nunca há uma amiga nos seus livros? Há o pai, a mãe, os irmãos, os amantes, que se devoram... mas nunca ninguém suficientemente distante para ser amigo. Sobretudo elas não têm uma amiga.
R. – Não? [Pausa] Se calhar não dou assim tanta importância à amizade.. Tenho amigos, são poucos, gosto deles. Mas não acho que a amizade seja mais importante que o amor. A paixão, por mais destrutiva que seja, se calhar agradavelmente destrutiva, está primeiro.
P. – Os amigos são secundários?
R. – Acho que sim. Mas pode ter a ver com o facto de eu ser uma pessoa bastante solitária.
P. – Na primeira história de “O Rosto de Deus” há um certo tom de enumeração: ela levanta-se, toma um duche, come o que as suas personagens comem sempre... pão escuro, queijo, fruta, vinho...
R. – [risos] Como a dona... Mas de certa forma também acabo por ser vítima delas, as minhas personagens... comprar colares de pedras verdes... Por causa dessa história, tive de comprar um colar de pérolas, que é uma coisa que nunca na vida pensei comprar!
P. – As pérolas que vêm do fundo do mar “gosto de as sentir na pele”...
R. – Para dar uma frase tão banal! Em “As Rosas Mortas” começa a aparecer ouro branco [leva as mãos aos brincos, de ouro branco, iguais à pulseira, ao anel].
P. – Se não houvesse uma fotografia sua na contracapa dos seus livros, podíamos imaginá-la igual às suas personagens. Aliás em “A Coisa Que Eu Sou” há uma personagem que fala exactamente disso, na foto da contracapa dos livros...
R. – Esse livro esteve para se chamar “Auto-Retrato”, mas depois o José Agostinho Baptista já tinha um livro com esse nome... E aí há uma coisa que me deu imenso prazer fazer, quando falo do filme do Hitchcock...
P. – Aquele em que há dois Bogarts...
R. – É que esse filme não existe! Todos os dados sobre os autores, datas, etc., são verdadeiros, mas tratava-se de imaginar um filme que o Hitchcock podia ter feito, interpretar os comentários dele ao filme...
P. – Quando ele diz que “é um filme sobre subir as escadas”!
R. – Tudo isso, os comentários do [François] Truffaut E há pessoas que me dizem que se lembram das imagens do filme!
P. – Mas há de facto imagens ali que vêm de outros filmes, que estão em nós...
R. – O filme do Cronenberg também não existe...
P. – e tornam-se verosímeis a partir de outros que existem e vimos.
R. – A novela do Henry James também não existe!
P. – Tem o mesmo nome de um filme que existe, “O Retrato de Jenny”, com a Jennifer Jones.
R. – Também pensei nesse filme.
P. – Voltemos a “O Rosto de Deus”, para falar de artes plásticas, que aliás já vêm de outros livros seus. Aqui há o Rothko, logo a começar na capa, inspirador do Tom pintor, o da primeira história. Qual é a sua relação com este universo? Pinta, esculpe?
R. – Não, embora quando estava a escrever “As Rosas Mortas” tenha voltado a desenhar, a modelar, a mexer em barro... Queria reviver..
P. – Fez isso quando era nova?
R. – Um pouco, mas não tinha o menor talento.
P. – Em “A Coisa Que Eu Sou” aparece: “Escrever era como mergulhar as mãos em argila (algo de sensual e de assustador)...”
R. – A escrita para mim é isso, amassar, estar a mexer...
P. – Escolheu estas capas todas, o Dante Gabriel Rossetti, o Rothko?
R. – Sim. E nas capas de “A Noite Mais Escura da Alma” (ed. Caminho) e de “Fairy Tales” (ed. original Black Sun) as fotografias são minhas. É a sensação de ter feito o livro todo...
P. – Escreve os seus livros para quem?
R. – Pelos livros em si, para mim... escrevo para aqueles que perdem o sono a lê-los, ou sonham com eles.
P. – Se lhe perguntar: o que é o medo, o que é o mal, o que é o amor?
R. – Diria que querem dizer o mesmo.
[num mundo escuro e aquático onde não havia mais ninguém]
Suplemento “Leituras” do PÚBLICO de 17 de Julho de 1999